Está para começar em Nova Ipixuna um projeto que vai promover o fortalecimento de agricultores extrativistas na cadeia da sociobiodiversidade da andiroba. Com o apoio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), a iniciativa quer garantir a manutenção da floresta em pé e a conservação de recursos naturais em propriedades de agricultura familiar, dando enfoque ao Plano de Assentamento Agroextrativista (Paex).
Com o nome de “Manejo e produção de óleo de andiroba como incentivo à restauração e conservação das reservas florestais de agricultura familiar em Nova Ipixuna (PA)”, a pesquisa tem coordenação do engenheiro agrônomo Ademir Ruschel, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“A lógica é aplicar in loco este apoio para as atividades de manejo e produção de óleo de andirobeira, para que de fato essa atividade venha incorporar uma alternativa continuada na economia dessas famílias”, explica Ruschel.
A iniciativa foi contemplada pelo edital para apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas em Bioeconomia, lançado em 2022 pela Fapespa, e que teve resultado final divulgado em julho de 2023.
Beneficiamento
Além do manejo da produção e das árvores de andirobeiras nas reservas florestais das famílias envolvidas, buscando aumentar o número de árvores e a produtividade, o projeto visa estimular as boas práticas para o beneficiamento do óleo, reduzir custos na extração e beneficiamento, e obter melhor qualidade para garantir o comércio contínuo e reconhecimento de origem.
“Implementado o manejo produtivo da cadeia da andiroba em algumas propriedades do assentamento, o que for bom e positivo irá se disseminar naturalmente para as demais propriedades da agricultura familiar. As visitas de campo com os agricultores já começam nos primeiros 15 dias de janeiro. Além do contato com as famílias do assentamento para apresentar os detalhes do projeto, serão mapeadas as propriedades que têm interesse em ser incluídas”, explica Ademir Ruschel.
Assistência institucional
Ruschel reconhece o papel da Fapespa no fomento à pesquisa pelo mapeamento das demandas e pela própria metodologia adotada, a fim de dar assistência aos pesquisadores. “Não se faz pesquisa sem apoio financeiro, e a logística adotada de repasse direto garante agilidade e maior rendimento ao recurso repassado. Isso não é regra em outras instituições, o que acaba até mesmo comprometendo o andamento e a celeridade de execução do projeto”, avalia.
O diretor-presidente da Fapespa, Marcel Botelho, confirma que o governo do Estado tem buscado mudar o uso do solo na Amazônia pelo impulsionamento da Bioeconomia, e que projetos como os selecionados no edital são fundamentais.
“O reflorestamento, o enriquecimento da terra com plantas naturais e de uso econômico faz com que o novo uso do solo também seja viável economicamente. A Fapespa entra nessa equação fomentando projetos que agregam tecnologia, novas práticas e conhecimento. Quando se busca levar essa tecnologia para a agricultura familiar, por exemplo, com pessoas de baixa renda e que não têm condições de acessar e utilizar as novas tecnologias nas suas propriedades, a Fundação cumpre o seu papel de fomento à pesquisa, mas também no social”, atesta o gestor público.
Marcel Botelho enaltece as secretarias de Estado que impulsionam, em suas respectivas áreas, o desenvolvimento de uma nova matriz econômica. “Uma Bioeconomia que agrega valor aos produtos naturais, e que orienta para o uso da floresta de forma sustentável, viva, que preserva a biodiversidade e traz riqueza para a sua população”, reitera.
Investimentos
Pelo edital de apoio a projetos científicos de pesquisadores vinculados a Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) paraenses, o Governo do Pará, via Fapespa, vai investir mais de R$ 1,2 milhão, divididos entre custos e capital, sendo, no máximo, R$ 40 mil para despesas de custeio, como pagamento de bolsas e compra de materiais de consumo, e R$ 80 mil para formação de capital, destinado à compra de bens e livros.