A imprensa trouxe nesta terça-feira, 10/05, dois exemplos de realeza que operam no Pará: o do chamado “rei do gás” e o do “rei das jazidas”. O Pará Terra Boa resumiu as histórias para que o paraense tenha dimensão de como nossa terra é cobiçada e, por isso, precisa ser vigiada.
O primeiro se chama Carlos Suarez, um dos fundadores da empreiteira OAS e hoje sócio de oito distribuidoras de gás no País, incluindo participações nas distribuidoras do Distrito Federal e mais sete Estados: Pará (Gás do Pará), Amazonas (Cigás), Amapá (Gasap), Maranhão (Gasmar), Piauí (Gaspisa), Rondônia (Rongás) e Goiás (Goiasbrás). Com as distribuidoras nas mãos, ele passou a ser remunerado por qualquer companhia que fosse distribuir gás nestes Estados. Ele está de olho em projeto bilionário que prevê a construção de gasodutos no País, conforme revelou o jornal “Estadão“.
O segundo rei é Paulo Carlos de Brito Filho. Ele atua também em pelo menos oito empresas que, juntas, ocupam o primeiro lugar na corrida pela mineração em terras indígenas (TIs). Nos últimos 40 anos, as empresas da família dele fizeram 255 requerimentos para pesquisar minérios em áreas dentro ou no entorno de 42 terras indígenas. Mais de 95% dos pedidos é para encontrar ouro na Amazônia. É o que revelou o site Repórter Brasil.
De olho onde?
Quanto ao projeto cobiçado pelo “rei do gás”, o que se pretende é levar tubos de aço até áreas isoladas de grandes centros do País e, assim, viabilizar a construção de usinas movidas a gás nestas regiões.
Essas tubulações seriam usadas para fazer o transporte do gás. O setor elétrico questiona a estratégia, porque, via de regra, não faz sentido levar gás para uma área remota, se a energia que será produzida com a queima desse insumo será redirecionada a grandes áreas urbanas, por meio de linhas de transmissão.
O caso é conhecido como “Centrãoduto”, em uma referência ao Centrão, grupo de partidos da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro que estuda retirar R$ 100 bilhões do lucro com a exploração do pré-sal que teriam como destino o Tesouro Nacional e direcionar para quitar o custo das obras dos gasodutos.
Já o “rei das jazidas” é uma espécie de atravessador de minas. As empresas do grupo em geral não exploram as jazidas, mas buscam novos locais de prospecção, principalmente para revenda futura. É quase como uma loteria, em busca do bilhete premiado. Daí, ele repassa o “bilhete” para frente e quem o adquire sai de “limpinho”, uma vez que o trabalho sujo todo já foi feito.
Por esse modo de atuação, elas são consideradas pequenas no setor – o que ajuda a entender por que Brito opera longe dos holofotes da imprensa e de organizações ambientais. Ele preside hoje o conselho de administração da Aura Minerals. Brito Filho declarou à reportagem não ser a favor de exploração minerária em terra indígena.
O grupo Santa Elina tem lavras concedidas para prospectar ouro no entorno das Terras Indígenas Sararé, no Mato Grosso, e Kayapó, no Pará, de acordo com o levantamento da Agência Nacional de Mineração. Outras jazidas descobertas pelo conglomerado foram alvo de denúncia de danos ambientais: uma a 2 km do território indígena Kayapó para exploração de manganês e outra que contaminou a água da TI Turé-Mariquita, no nordeste do Pará.
Fontes: Estadão e Repórter Brasil