Por Fabrício Queiroz
No oeste paraense, o distrito de Alter do Chão, em Santarém, se tornou um dos principais destinos turísticos do estado. Com o apelido de caribe amazônico, a região figurou recentemente na lista dos lugares mais desejados pelos visitantes brasileiros. Os encantos são inegáveis, no entanto, outros atrativos ainda precisam de destaque e esse é o foco de uma empresa turística que aposta em belezas e experiências pouco exploradas.
A iniciativa é dos sócios Maria Teresa Meinberg, Martin Frankenberg e Ruy Tone, que já atuam na região por meio de empreendimentos e projetos sociais desde o início dos anos 2000. Por essa razão, tiveram a oportunidade de conhecer a Amazônia para além dos pontos turísticos, mantendo contato com povos e comunidades tradicionais e descobrindo as belezas que envolvem a história, a cultura e a biodiversidade local.
Com isso em mente, há cerca de um ano fundaram a Kaiara, que tem o objetivo de promover “vivências autênticas com os anfitriões da floresta”. A bordo de três barcos, os visitantes podem desbravar as águas dos rios Tapajós, Amazonas e Arapiuns, no oeste do Pará, e encontrar paisagens e pessoas que não estão nos cartões-postais.
“Essa é uma das poucas regiões em que se tem as águas negras, barrentas e azuis. É um local único para navegar pelos três ecossistemas. Outra qualidade é a força do turismo de base comunitária. As comunidades ribeirinhas e aldeias são muito mais organizadas comparativamente com outras regiões e muito receptivas ao turismo e como ele pode beneficiá-las, inclusive já desenvolveram produtos de artesanato e roteiros para essas experiências”, comenta Martin Frankenberg.
Um dos diferenciais do negócio é a proposta de roteiros personalizados focados no segmento de alto padrão, porém, o empresário considera que a Kaiara também ajuda a promover a visibilidade e a valorização da cultura dos povos da região com base em uma dinâmica que se pauta pela confiança.
“Nossa relação com essas comunidades não começou ontem. É uma relação de muitos anos, que aproveita, por exemplo, o impacto de projetos como o Saúde e Alegria que capacitou essas comunidades para o turismo. A gente consegue ter uma relação muito próxima, de confiança mútua, mostrando que estamos ali para promover o que faz bem para a região, um turismo regenerativo, diferente do turismo predatório”, destaca.
Nesse sentido, os roteiros podem incluir visitas à famosa Alter do Chão, mas também à comunidade Jamaraquá, na Floresta Nacional do Tapajós; participação em um ritual indígena na aldeia Munduruku; ou até mesmo à chamada “cidade fantasma” de Fordlândia, em Belterra, onde foi implantado o projeto de plantação e beneficiamento de seringueiras sonhado pelo industrial Henry Ford. Sem contar as experiências gastronômicas com a culinária tipicamente amazônica.
“O que importa é fugir dos estereótipos e criar uma conexão real entre o turista e a comunidade. O que propomos é fazer um turismo que permita conhecer as pessoas de verdade. Não são genéricos, são pessoas que estão ali para compartilhar a experiência com você”, ressalta Martin.
Para o empresário, ao explorar outros atrativos, o turismo demonstra a sua contribuição para o desenvolvimento da região, aliando a geração de renda ao compromisso com a valorização sociocultural das populações nativas e à responsabilidade ambiental.
“Uma viagem bem feita pela Amazônia é uma desconstrução de mitos. A maioria das pessoas tem a ideia de que é um lugar inóspito, com perrengues, mosquitos, piranha e jacaré e acaba se surpreendendo porque a experiência é o oposto disso. O que acaba arrebatando é o quanto a recepção é gentil e isso torna uma viagem muito emotiva”, frisa.