O Pará é aquela terra boa onde quem ainda não visitou tem planos de conhecer. Os motivos são muitos, afinal, não é qualquer lugar do mundo que combina lazer e cultura com natureza exuberante, coisas que esse Brasilzão oferece.
E já que a pandemia ainda não acabou, iniciativas turísticas a céu aberto que não oferecem qualquer risco de aglomeração são um prato cheio para o visitante.
A Trilha Amazônia Atlântica, por exemplo, conecta a Rota do Guarumã, localizada na Região Metropolitana de Belém, à Serra do Piriá, situada na divisa do Pará com o Maranhão.
A trilha percorre 14 municípios de duas Regiões de Integração do Estado, Guamá e do Rio Caeté:
Benevides → Santa Izabel do Pará → Castanhal → Inhangapi → São Francisco do Pará → Igarapé-Açu → Santa Maria do Pará → Nova Timboteua → Peixe-Boi → Capanema → Tracuateua → Bragança → Augusto Corrêa → Viseu.
O percurso está planejado para ter 412 quilômetros, dos quais 120 km já estão sinalizados. Ele pode ser feito a pé, a cavalo ou de bicicleta sem necessidade de marcar data e hora com operador turístico, apesar de que os organizadores da trilha auxiliam aqueles que precisam de suporte. Atualmente conecta 07 áreas protegidas.
São 4 unidades de conservação (Reserva Extrativista Marinha Tracuateua, Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, Reserva Extrativista Marinha Araí-Peroba e Reserva Extrativista Marinha Gurupí-Piriá), além de 3 Territórios Quilombolas (Remanescentes de Quilombolas de Torres, em Tracuateua; Macapazinho, no município de Castanhal, e Santíssima Trindade, em Santa Isabel do Pará).
A riqueza da paisagem pode ser apreciada logo na largada. Ao sair de Belém, o visitante se depara com uma floresta ombrófila densa, com árvores altas, passando por dentro da mata, em terra afirme. O segundo terço do trajeto é marcado pelos chamados campos bragantinos, com seus búfalos (que não são bravos!), até a bela Bragança.
O último terço é o litoral atlântico, com áreas de manguezais, próximas de comunidades tradicionais que vivem da pesca artesanal. Tem uma cereja do bolo que fica logo no final da trilha, que é uma gruta na vizinhança da Serra do Piriá.
“A trilha tem uma importância grande de apresentar o meio rural ao morador do meio urbano. Além de toda beleza natural, tem o fato de os municípios que fazem parte da trilha estarem interessados em investir e preservar seus próprios espaços, além de verem a trilha como fonte de receitas para seus negócios. Eles enxergam como uma oportunidade de sair da sombra, de serem conhecidos”, afirmou Júlio Meyer, coordenador-geral da Trilha Amazônia Atlântica e diretor da Rede Brasileira de Trilhas.
Júlio conta que a iniciativa tem sido tão bem-recebida que o grupo recebeu contato de um aplicativo europeu para inclusão do percurso na lista de trilhas do Brasil. Em setembro, ele irá participar de um evento de trilhas de longo curso em Goiás.
“O retorno é sempre muito positivo. Temos igarapés dentro de um território quilombola com acesso para cadeirantes. As comunidades já percebem a trilha, os ciclistas também. Neste mês, tivemos o primeiro grupo que fez a trilha toda, desde Viseu até Belém de bicicleta. Temos retorno muito positivo do governo estadual e municipais, além do ICMBio e do Ministério do Turismo”, comemora.
Outro indicativo do sucesso da trilha é a aderência de proprietários de terra situados ao longo do percurso. Júlio conta que foi preciso abrir um trecho da trilha dentro da primeira fazenda a abraçar a empreitada, a Santa Helena, cujo dono demonstrou todo interesse em colaborar com o projeto.
“Isso é muito legal por transformar um passivo ambiental em ativo econômico. O produtor que tinha um pasto, agora tem uma trilha, uma oportunidade de prestar um serviço”, diz.
Turismo em números
De acordo com a Secretaria de Turismo do Pará, no ano de 2020, o Estado recebeu um total de 458.706 turistas, representando uma queda de 56% na comparação com 2019, quando o estado recebeu 1.043.046 de turistas. Desse total de mais de 450 mil turistas no ano passado, 434 mil eram nacionais e 24 mil de estrangeiros.
A receita gerada em 2020 com esses visitantes foi de R$ 318 milhões, o que representou queda de 55% no comparativo anual. Em 2019, mais de R$ 720 milhões foram injetados no Pará com a atividade turística.
De acordo com a Infraero, em 2020, o movimento de passageiros domésticos nos cinco aeroportos do Estado (Belém, Carajás, Altamira, Marabá e Santarém) foi de 2.241.108 passageiros (queda de 50%). Já de voos internacionais, foi de 33.782 (queda de 80%), todos no aeroporto de Belém.
As quedas e reduções dos números se explicam, obviamente, pela pandemia da covid-19.