Por Fabrício Queiroz
A diversidade das belezas naturais e do patrimônio histórico e cultural do Pará são atrativos para impulsionar o turismo no estado. Porém, o segmento do turismo de base comunitária (TBC) vem ganhando cada vez mais espaço por possibilitar o contato dos visitantes com verdadeiras experiências amazônicas. Essa é a percepção da turismóloga e especialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, Ana Karolina Jorge, que há seis anos resolveu empreender no TBC.
Ela conta que teve contato com essa proposta ainda na faculdade, onde pode encontrar uma alternativa para o chamado turismo de massa e seus impactos no contexto local. Para Ana Karolina, o TBC se diferencia porque se caracteriza como um modelo de gestão das comunidades em que a partilha de conhecimento entre os visitantes e os visitados é valorizada.
“A gente procura valorizar a história, fazer com que a comunidade se sinta parte e se torne protagonista da atividade turística. Hoje em dia, quem viaja busca muito mais vivenciar experiências do que apenas o contemplativo. O nosso trabalho é justamente fazer essa ponte para essas vivências”, afirma a empreendedora que iniciou o próprio negócio chamado Vivenciar aos 22 anos.
Com base nesse objetivo, Ana Karolina propõe roteiros em que as peculiaridades do modo de vida das populações tradicionais e sua relação com a natureza são o grande destaque. Na ilha do Combu, por exemplo, os turistas têm a oportunidade de conhecer o processo de beneficiamento do cacau nativo ou ainda a colheita e retirada da polpa do açaí pelos extrativistas.
“Belém tem um potencial enorme para isso por ser rodeada por ilhas. Eu mesmo fui surpreendida porque só conhecia pelo ponto de vista do turismo de massa. A nossa proposta é levar para regiões menos exploradas, como o furo da Paciência e o igarapé do Piriquitaquara. Assim, a gente acaba contribuindo para levar uma renda complementar pras comunidades e oferecendo uma experiência autêntica para o turista”, conta.
Além do Combu, também estão na rota da Vivenciar a ilha de Cotijuba, o centro histórico da capital e o município de Soure, no arquipélago do Marajó, onde o passeio contempla a pesca artesanal e o consumo do turu, além de praias e igarapés pouco conhecidos do grande público.
“Algo que gostamos de ressaltar é que por trás de toda beleza natural tem pessoas que moram ali e que muitas vezes ficam invisíveis. A nossa ideia é justamente valorizar as tradições e o cotidiano dessas pessoas”, pontua Ana Karolina.
Por conta desses diferenciais, o TBC tem ganhado cada vez mais atenção, contando inclusive com uma política estadual de turismo de base comunitária. A turismóloga acredita que a implementação de políticas públicas pode contribuir para fortalecer o setor, mas também são necessários investimentos na melhoria da infraestrutura das comunidades, assim como na formação e divulgação de informações sobre o tema.
“Falar do TBC e do meu estado são minhas paixões. Eu gosto de mostrar o que é a nossa cultura, as nossas vivências e por isso me tornei uma grande defensora do turismo de base comunitária e disso eu não vou abrir mão”, frisa Ana Karolina, que já planeja a oferta de roteiros na região do Salgado, atendendo municípios como Bragança e Marapanim.