Promover o turismo com base em atividades promovidas por populações rurais e comunidades tradicionais é uma das apostas do Pará para fomentar a inclusão socioeconômica e o desenvolvimento sustentável. Para isso, o estado já conta com uma Política Estadual de Turismo em Base Comunitária (TBC), que prevê a exploração de roteiros nas diferentes regiões.
A ideia é implementar políticas que deem conta de toda a dimensão do TBC, que é entendido como uma atividade protagonizada por grupos culturalmente diferenciados e que usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, tendo como referência seus conhecimentos, inovações e práticas tradicionais.
No âmbito da política estadual, a Secretaria de Turismo (Setur) já trabalha com de dois planos-piloto de TBC: em Belém e região das ilhas e na Amazônia Atlântica Guamá, que abrange municípios como Curuçá, Maracanã, Marapanim, Vigia e São Caetano de Odivelas.
O plano faz parte do projeto “Promoção da Bioeconomia Aliada ao Turismo Sustentável de Base Comunitária” que tem foco na atração de turistas para vivenciar experiencias sustentáveis e aliadas ao propósito da sociobioeconomia.
“É um passo importante na implementação de políticas para o setor de turismo, com enfoque na gestão local e que tem os seus princípios baseados no desenvolvimento local sustentável, com o protagonismo das comunidades e sistemas produtivos locais, na sustentabilidade econômica e geração de renda para as comunidades locais”, explicou Márcia Bastos, turismóloga da Setur em entrevista à Agência Pará.
O potencial das duas regiões prioritárias do projeto já foi identificado e deve servir para oferecer vivências diferenciadas para os visitantes. Na Amazônia Atlântica Guamá, por exemplo, a ideia é desenvolver um produto turístico pautado no sistema produtivo da fitoterapia artesanal. Já em Belém, a ideia é atender a demanda estimulada por eventos, como a COP30. A previsão é que as regiões do Cseté e do Marajó também sejam atendidas nas etapas seguintes.
“A criação de circuitos turístico-cultural em turismo de base comunitária e bioeconomia promovem e divulgam o Estado e fomentam a comercialização da produção artesanal, a cultura (material e imaterial local) e os sistemas produtivos das comunidades amazônicas paraenses”, acrescenta o secretário de Turismo do Pará, Eduardo Costa.
Para a turismóloga e empreendedora do ramo, Ana Karolina Jorge, o incentivo a esse segmento de turismo tem impacto positivo para as populações e para os municípios devido à criação de novas oportunidades e à valorização da cultura local.
“O TBC veio com um propósito de valorização da cultura local, que muitas vezes acaba se perdendo pelo turismo de massa. Quando os representantes daquela comunidade entendem o TBC, passam a enxergar uma oportunidade de renda e preservação das suas tradições. E tem um efeito positivo que a comunidade passa a ficar no território, em vez de buscar oportunidades noutro lugar. O TBC é transformador de vidas e realidades”, afirma.