A Terra Indígena Ituna Itatá, localizada na bacia do médio Xingu, no Pará, sofre há anos com a invasão de não indígenas, que avançam sobre a área, derrubam a vegetação e causam confrontos com aldeias. Mais recentemente, o problema se tornou crônico, facilitado pela omissão do governo federal na proteção dos Direitos Indígenas e pela ação de aliados políticos dos grileiros no Legislativo.
Um desses aliados é o senador Zequinha Marinho (PL), candidato ao governo do Pará pelo partido do presidente Jair Bolsonaro, com quem também compartilha posições polêmicas como a oposição à destruição de maquinário de desmatamento e garimpo apreendido por fiscais ambientais. Ele foi deputado estadual e federal e também ocupou a cadeira de vice-governador entre 2015 e 2019, no governo de Simão Janete (PSDB).
“Você não vai ver ele aqui, porque ele tem que preservar a imagem para a campanha. Mas já ouvi da boca de vários invasores que o senador apoia as ações deles”, disse um agente do IBAMA para Amanda Audi na Agência Pública.
Mais do que palavras de apoio, Zequinha Marinho vem atuando intensamente nos últimos anos para intermediar os interesses de grileiros e invasores de Terras Indígenas nos corredores do poder em Brasília. Em um encontro articulado pelo senador, representantes desses grupos conseguiram uma audiência com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. Além de fazer o meio de campo, o parlamentar também indicou nomes alinhados com os interesses da grilagem para postos de coordenação do próprio IBAMA.
Segundo a reportagem, Zequinha chegou a conseguir com o governo federal a não renovação de uma portaria que restringe o acesso à Terra Ituna Itatá, que estava para vencer no meio deste ano. No entanto, por conta da comoção causada pelos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips no Vale do Javari (AM), a FUNAI acabou sendo forçada a renovar a portaria por mais três anos.