Por Sidney Alves
Os sabores do nosso Pará já estão sendo degustados em todos os cantos do Brasil. Uma das grandes representantes desta realidade, mas especificamente em São Paulo, é a chefe de cozinha paraense Niceise Ribeiro. Ela está com um projeto muito pai d’égua que é o Égua, Mana! – Cozinha com Toque Amazônico em SP.
O interesse da chefe pela cozinha inicou desde muito cedo, quando ainda criança via encantada a tia cozinhar. “Eu ficava ‘pentelhando’ pra ela me ensinar”, afirma a chef.
Enquano outras crianças assistiam ao “Show da Xuxa”, ela gostava de ver o programa da Ofélia e Marta Balina na finada TV Manchete. Na adolescência, montava o cardápio e era a responsável por preparar as comidas das festas da família e dos amigos.
Na década de 80, não se tinha referência de chefes de cozinha que nem hoje em dia”, lembra.
Com uma trajetória como essa, estava claro que o destino de Niceise era em meio às panelas. Mas para realizar esse sonho, ela passou por um longo processo.
“Eu queria fazer Gastronomia. Mas, em Belém, não tinha o curso e eu não podia contar com o apoio da minha mãe pra fazer um curso fora, além de ser caro. Ela queria que eu me formasse em outra coisa que não fosse “curso de vagabundo” e fui fazer Turismo (UFPA)”, conta.
Em 2012, aos 32 anos, Niceise viu que Turismo não era pra ela e decidiu fazer curso de cozinha no Senac.
“Comecei a estagiar, passei por algumas cozinhas em Belém, dei consultoria e ganhei o primeiro lugar do concurso Chefe Paulo Martins, em 2013, que rolava dentro do Ver-o-peso da cozinha paraense”, lembra.
O prêmio era passar quatro dias em São Paulo, para participar do evento da revista “Prazeres da Mesa”, o Mesa SP, mas ela estava decidida: não voltaria mais. Na bagagem, uma mala e quatro isopores grandes, com as delícias paraenses que não se encontram por lá.
A passagem pelos melhores restaurantes de Belém deu a ela a confiança para alçar novos ares na capital paulista. Fez estágio no Maní, incensado restaurante de Helena Rizzo, deu consultorias e foi chefe do extinto Razzmatazz, bar indie de amigos paraenses, na Vila Madalena.
Eu continuo sendo cozinheira, chefe de cozinha é só um cargo, tens que continuar estudando e pesquisando”, diz ela.
Agora Niceise está desenvolvendo um projetol que já está dando o que falar: o “’Égua, mana!’ . Ela conta que ele surgiu na pandemia em abril de 2020, “sem nome, sem instagram e em junho foi batizado”.
Eu estava entediada de ficar em casa sem fazer nada, não tinha como trabalhar e os restaurantes estavam fechados. Começou com uma coxinha de frango com jambu e requeijão, que já fazia sucesso no extinto Razzmatazz e as pessoas sentiam saudade. Com a pandemia, as pessoas não podiam viajar e foi uma forma de aquecer os estômagos saudosos”, diz.
Depois, ela foi inserindo novos pratos até formar o cardápio fixo dos petiscos do Égua, Mana, o jeito mais fácil de ter um gostinho do Pará na capital paulista, por delivery. Mas mesmo assim sempre tem alguma novidade nesta lista de delícias. O menu é divulgado pelo Instagram e os pedidos são feitos pelo whatsapp, “Eu sempre peço que façam os pedidos com antecedência”, avisa.
Segundo a chefe, existe uma vontade muito grande ampliar este projeto. “O meu maior desejo é que um dia a ‘Égua, Mana!’ se torne loja física, um boteco. Mas falta o principal que é dinheiro pra investir”, disse.