A última safra do açaí foi histórica para os produtores da cooperativa de agroextrativistas dos rios Aramã e Mapuá (Coama), no município de Breves, região do Marajó. Fundada há sete anos, a organização comemorou a conquista da primeira venda de açaí certificado. A cooperativa, formada por 59 famílias, conseguiu fechar negócio com uma fábrica do Estado de São Paulo e comercializou, em agosto do ano passado, 252 toneladas de açaí certificado de manejo.
“Essa conquista é muito importante para a nossa comunidade. Pois, além de movimentar a economia local, ela qualifica a produção do fruto e, principalmente, ajuda a quebrar a mediação com o atravessador, que sempre foi um grande problema pra gente”, afirma Janari Gonçalves, presidente da Coama.
A primeira venda da cooperativa é resultado de uma parceria dos moradores da Resex com o projeto Florestas Comunitárias do Instituto Floresta Tropical (IFT), que por meio de oficinas de qualificação, promoveu diversas orientações aos comunitários, como capacitações técnicas sobre cooperativismo e associativismo, cadeia de valor do açaí, segurança do trabalho e técnicas de manejo adequado na produção e armazenamento do fruto. O projeto, que tem como finalidade apoiar a implementação de modelos de manejo florestal comunitário para uso e comercialização de madeira e açaí em Unidades de Conservação, conta com o apoio financeiro do BNDES, por meio do Fundo Amazônia.
A produtora de açaí Michele Marques, liderança da Reserva Extrativista Mapuá, contou que a comercialização do fruto via cooperativa era um sonho dos moradores, e que agora, se tornou realidade.
“Já estamos nessa luta há muito tempo porque a gente acredita que organização social é fundamental para o fortalecimento da nossa comunidade”.
Madeira legalizada
Além da primeira venda de açaí certificado, 2021 também foi marcado pela comercialização do primeiro lote de madeira legalizada da Resex Mapuá. O volume explorado, de 367 m³ de madeira em tora, é referente à primeira Unidade de Produção Anual (UPA), iniciada em dezembro de 2020.
A exploração florestal na localidade atende às recomendações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela aprovação do Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) da Resex, em setembro de 2019. O plano contempla uma área de aproximadamente 6.300 hectares, dividida em dois polos comunitários: Boa Esperança e Santíssima Trindade.
“Todo o processo de elaboração do plano de manejo contou com a participação da comunidade. Desde a primeira reunião até a finalização do plano, tudo foi feito de forma participativa, ouvindo os manejadores da Unidade, ICMBio e o conselho gestor da Resex”, afirmou Marcelo Galdino, coordenador do programa Florestas Comunitárias, do IFT.
No Plano de Manejo Florestal Sustentável, a comunidade se propõe a promover o uso tradicional dos recursos naturais de forma sustentável, condizentes ao modo de vida da população tradicional residente no interior da Resex. Além do Mapuá, o projeto do IFT atende a mais duas Resex no Marajó: Terra Grande Pracuúba, localizada no município de Curralinho; e Arióca Pruanã, no território de Oeiras do Pará.
Fonte: Instituto Floresta Tropical