Por Gisele Coutinho
Lembra daquela história bem-sucedida contada lá atrás pelo Pará Terra Boa da produtora rural Maria Josefa Machado Neves, em São Félix do Xingu (PA), que perdeu tudo com incêndio criminoso de vizinhos até levantar cabeça e sair adiante com a produção de frutas?
Pois é, a entidade que hoje ela preside, a Associação das Mulheres Produtoras de Polpa de Fruta (AMPPF), recebeu apoio do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), por meio do projeto Escola de Empreendedorismo das Mulheres do Alto Xingu, e verba de empresa privada para investimentos em infraestrutura, maquinários novos e processo de regularização sanitária. Quando chegou para a primeira reunião da entidade, em 2012, Josefa era apenas uma integrante. Logo passou a ser vice-tesoureira e hoje é a presidente.
Com a nova agroindústria montada e ainda com a obtenção do Selo Artesanal da Adepará, a associação terá tanto a possibilidade de acessar novos mercados para seus produtos quanto acessar compras públicas por meio de chamadas públicas municipais e estaduais.
Outra novidade do empreendimento presidido por Josefa é a construção de um viveiro com capacidade de 15 mil mudas de essências florestais e frutíferas, que ficará sob gestão das associadas e demais produtores da região.
“Não podemos ficar só com um tipo de renda. Tenho o cacau que tem o tempo da sagra dele, mas tenho a polpa de fruta que é o ano todo. Está sendo a renda principal da minha família. Estamos na luta e temos nossa usina e o selo da Adepará. Agora estamos organizando a construção de uma filial. A associação na minha vida foi uma grande mudança”, comemora.
Fundada em 2012, a AMPPF comercializa polpa de fruta produzida de forma sustentável e garante independência financeira às mulheres e sustento de 32 famílias. A mão de obra familiar processa e vende polpa de cacau, cupuaçu, acerola, cajá, açaí, manga, graviola, maracujá, goiaba, tamarindo e outras espécies que estão ali mesmo no quintal das famílias associadas.
“A principal mudança esperada para as agricultoras e agricultores familiares com a agroindústria, em São Félix do Xingu, é a geração de trabalho e renda e, consequentemente a melhoria da qualidade de vida e autonomia econômica; notadamente para as mulheres”, afirma Celma Gomes de Oliveira, coordenadora de Projetos do Imaflora.