O Grupo Empresarial Zeppone inaugurou, nesta quarta-feira, 17/11, uma nova unidade industrial no município de Benevides, na Região Metropolitana de Belém. Com sede na cidade de Japurá (PR), o grupo é dono de empresas voltadas para o ramo de comercialização de alimentos e produção de polpas de frutas brasileiras, entre elas o açaí.
Em Benevides, a fábrica vai ocupar uma área de mais de 20 hectares, com expectativa de produção superior a 6 mil toneladas de açaí, por safra, e geração baixa de empregos diretos, aproximadamente, 50, e 200 indiretos na primeira etapa da implantação.
Com foco na verticalização da produção de açaí e na exportação do produto para outras regiões do Brasil e exterior, o empreendimento recebeu o apoio do governo do Estado para viabilizar os investimentos para o projeto e garantia de crédito.
Desafios
Segundo pesquisa da Amazônia 2030, o mercado global de açaí hoje é estimado em US$ 720 milhões (em 2019) e a sua comercialização tem crescido a uma taxa média de 12,6% ao ano. A previsão é que esse mercado alcance US$ 2,1 bilhões até 2025.
No levantamento, os entrevistados identificaram desafios críticos para o desenvolvimento do mercado, tais como a adoção de tecnologias que permitam evitar a dependência do açaí da cadeia do frio, ou seja, o conjunto de técnicas e arranjos logísticos que acompanham os produtos refrigerados, da produção ao consumo. Isso porque do açaí é possível produzir vários outros produtos, como purê, pó, óleo, scrub de açaí, usando o caroço, para a linha de cosmético. O caroço, aliás, tem sido pesquisado e testado em vários campos da economia, como construção civil e energia.
Para Mario Oppata, diretor da CAMTA de Tomé Açu, a mais antiga e mais estruturada cooperativa da Amazônia, o boom do açaí no Japão foi em 2015 e agora inicia o da Europa e de outros países asiáticos. Ele questiona “até quando que vamos ficar vendendo polpa? A gente agora está partindo para sorbet, pois o mercado de São Paulo está absorvendo uma grande quantidade”, disse o produtor na pesquisa da Amazônia 2030.
A preocupação é de que os investimentos na chamada cadeia do frio de açaí encolham recursos aos extrativistas, que hoje enfrentam o problema da invisibilidade. Não se sabe com exatidão quantos são, onde produzem e quanto produzem.
Entrevistados da pesquisa afirmam que a produção de açaí extrativo seria 4 a 5 vezes superior ao apontado nas estatísticas. Se isso for verdadeiro, o produto extrativista ainda seria responsável pela maior parcela do mercado, ao contrário do que apontam as estatísticas oficiais, levando o total da produção de açaí a aumentar mais de um terço em relação ao que é atualmente considerado.
Fonte: própria; Igor Fonseca da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), e Amazônia 2030
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