Por Sidney Alves
Desenvolver o turismo de base comunitária e promover a produção de peças inseridas na biodiversidade. Estes são apenas alguns dos objetivos da Cooperativa de Turismo e Artesanato da Floresta (TURIARTE), projeto que está mudando positivamente a realidade das comunidades da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns e do projeto de assentamento agroextrativista Lago Grande, no município de Santarém.
Os talentos destes artistas poderão ser conferidos na capital do nosso Pará, na Estação das Docas, no período de 25 a 30 de abril, durante a segunda edição da Feira do Cooperativismo do Oeste do Pará. No decorrer do evento, serão apresentadas e colocadas à venda as peças produzidas pelos integrantes da cooperativa.
Segundo Ingrid Godinho, 25 anos, atual presidente da cooperativa e integrante da comunidade ribeirinha Anã Rio Arapiuns, o crescimento da cooperativa está seguindo uma progressão geométrica.
“A TURIARTE foi criada em maio de 2015, inicialmente com sete comunidades e 70 sócios fundadores, sendo 54 mulheres e 16 homens. Atualmente, conta com mais de 120 mulheres e 12 comunidades envolvidas, entre elas Urucureá, Anã São Miguel e Vista Alegre do Capixauã, desenvolvendo o turismo de base comunitária e promovendo bioartesanato, feito pelas mulheres com a palha de tucumã, que é uma palmeira bastante encontrada na nossa região”, afirma Ingrid Godinho, em conversa com o Pará Terra Boa, na quarta-feira, 06/04.
Ainda de acordo com Ingrid, as peças produzidas buscam o fortalecimento da identidade cultural dos artesãos por meio das tradições milenares, além da busca pelo empoderamento feminino.
“Nossas principais ações são voltadas para o empoderamento feminino e a importância da mulher na renda familiar. Os protagonismos da juventude e das mulheres inseridos neste importante fator econômico da cooperativa, como também no engajamento em relação ao território e ao fortalecimento institucional das nossas bases”, conta Ingrid.
Turismo
Além de todas estas atividades ligadas ao artesanato, a cooperativa também realiza o turismo de base comunitária, ou seja, o turista pode conhecer toda a produção do artesanato da região com os próprios artesãos.
“Garantimos aos turistas que nos visitam ambientes acolhedores. Eles podem conferir, além das belezas típicas da vegetação que fica próxima ao Rio Tapajós e os seus afluentes, a possibilidade de conhecer como são produzidas as peças de artesanato e como mantemos a nossa sustentabilidade”, disse Ingrid.
E sempre com responsabilidade ambiental:
“Os turistas que visitam a nossa visitam, acabam adquirindo esta sensibilidade sobre a importância da preservação da natureza. Também acompanham os trabalhos das famílias dentro do processo da agricultura familiar”, conta Ingrid.
As comunidades que fazem parte da TURIARTE já receberam turistas de várias partes do mundo e do Brasil, que tiveram a oportunidade de dormir em redes, tomar banho nos igarapés, comer peixes dos rios que banham a região e frutas vindas diretamente das árvores.
“Nós já recebemos turistas dos Estados Unidos, da Suíça, do Reino Unido, da Alemanha, da Itália, entre outros países. Também já proporcionamos experiência especial para turistas brasileiros de diversos estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul…”
Rio Tapajós
A situação atual do Rio Tapajós é de suma importância para os habitantes desta região da reserva extrativista Tapajós-Arapiuns, tanto por questão de sobrevivência quanto pela economia.
O rio vem sendo poluído de maneira preocupante pelo mercúrio, que está presente nos garimpos ilegais em quase toda a extensão do Tapajós.
“Avaliamos a situação do Rio Tapajós como desesperadora. A poluição dele é uma realidade de grande emergência e nós precisamos nos unir para juntos lutar para impedir que mais desgraça aconteça conosco”, afirma Ingrid.
Além do Rio Tapajós, a poluição também afeta o Rio Arapiuns, que é um dos afluentes do Tapajós.
“Todos os afluentes e o próprio Rio Tapajós fazem parte da nossa sobrevivência. Muitas das nossas comunidades consomem ainda a água do rio Tapajós para o uso de casa, para consumir, como também criamos os nossos peixes no rio”.
Para os interessados, os contatos da Turiarte abaixo:
Whatsapp: (93) 9221-4782
E-mail: ingridturiarteamazonia@gmail.com ou turiarteamazonia@gmail.com
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