Você sabia que o Pará está entre os estados com maior número de populações quilombolas? Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que em 2019 existiam 5.972 localidades quilombolas no Brasil e 516 ficavam em território paraense. Nosso Estado só perde para Bahia e Minas Gerais. Grupos como esses estão entre os que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas, colocando em risco sua segurança e a preservação dos territórios.
Segundo a Coordenação Nacional de Quilombos (Conaq), grande parte dessas comunidades ainda luta pela titulação de seus territórios, que são constantemente ameaçados e invadidos. Pensando na floresta em pé, as atividades desenvolvidas por essas populações geram baixo impacto ao meio ambiente, já que o extrativismo e a agricultura familiar são suas principais fontes de renda.
Como publicamos aqui no Pará Terra Boa nos últimos dias, lideranças periféricas, indígenas, quilombolas e ribeirinhas precisam ter mais espaço como tomadoras de decisão, já que a justiça climática só será possível com a participação destes guardiões da floresta. Por esse motivo, eventos como a COP das Baixadas, que começa hoje em Belém, são importantes.
O Tapajós de Fato enumerou alguns aspectos que mostram como essas mudanças climáticas têm afetado as populações quilombolas:
Diminuição da cadeia produtiva e o êxodo
As mudanças climáticas acabam impactando os principais meios de subsistência dentro dos territórios quilombolas, afetando a quantidade de peixes, as caças e as plantações.
“Esses danos prejudicam as famílias quilombolas, pois o aumento da temperatura e a dificuldade para acessar água, faz com que algumas plantações da agricultura morram. Quem acaba sofrendo os problemas somos nós, quilombolas, indígenas, ribeirinhos pois as dificuldades acabam obrigando famílias a migrarem de seus territórios para a cidade ou se inserindo em outros territórios quilombolas por conta dos problemas ambientais e mudanças climáticas. Isso afeta a fonte de renda e a família não tem de onde tirar o sustento e o alimento” explicou Jefferson Vasconcelos, quilombola do território de Arapemã.
Tradições prejudicadas
O quilombola afirma que até as manifestações culturais são impactadas por fenômenos como a seca.
“Festas de santos são tradições que muitas comunidades quilombolas já não fazem por conta da seca, que é muito grande, e também acabam diminuindo as visitações nas manifestações religiosas.”
Saúde das mulheres
Em comunidades indígenas como os Munduruku, as mulheres têm sofrido com a contaminação de mercúrio, que prejudica até o leite que elas dão a seus filhos, Aqui, elas acabam sofrendo com doenças como câncer por estarem muito expostas ao sol forte, contato direto com as águas contaminadas e acabam tendo outros tipos de doenças.
Fonte: Tapajós de Fato e Conaq