O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou nesta manhã de segunda-feira, 8/11, na Conferência do Clima da ONU (COP26), que agora é a hora de virar a chave contra o desmatamento. Segundo ele, não se pode mais compactuar com atividades criminosas em nosso Estado.
“Neste momento, nós estamos no dilema do que nós queremos para o futuro, e a virada de chave é agora, e é por essa razão que temos dialogado no processo de desmatamento ilegal. Nós não podemos pactuar com qualquer iniciativa de desmatamento ilegal. Porém, nós temos que ter consciência, monitoramento, fiscalização e controle não são as únicas alternativas a serem feitas”, disse ele.
Helder resgatou o processo de ocupação da Amazônia para registrar que é preciso hoje “repreender” a ilegalidade. Nas décadas de 1970, lembrou, a cultura era de desmatar para que os novos moradores pudessem ter acesso à terra e ao crédito bancário de banco público. E essa cultura permanece viva até nos dias atuais. Por isso, o governador falou da necessidade de se fazer um “chamamento” de mudança de cultura local com o uso da terra.
“Neste momento, não devemos apenas dialogar no âmbito romântico e utópico de virar a chave de um modelo para outro. É fundamental que entendamos a cabeça dos envolvidos para um grande chamamento que possa, por um lado, repreender a ilegalidade e demonstrar que nós queremos a parceria (contra o desmatamento), e, por outro, cobrar deveres”, acrescentou.
O Plano de Recuperação Verde, elaborado pelo Consórcio de Governadores da Amazônia Legal, é uma das alternativas apresentadas na COP 26 pelo coletivo dos 9 chefes de Estado do Executivo estadual contra a destruição do bioma. Seu primeiro pilar se sustenta na fiscalização, controle e monitoramento das atividades ilegais. Para ser colocado em prática, é preciso de diálogo, destacou o governador.
“Precisamos dialogar com o pecuarista e dizer: ‘Produza mais na área antropizada (áreas cujas características originais foram alteradas)’. E vamos dar assistência técnica, orientar o produtor, dando informações de manejo, para que aquela propriedade seja mais produtiva”, disse Helder, em referência à preocupação de que não é preciso derrubar nenhuma árvore na Amazônia para aumentar a produção dos produtores rurais. Basta produzir, com manejo florestal, por exemplo, nas áreas já abertas ao longo da história sem necessidade de novas aberturas.
O Pará é o principal destruidor do bioma amazônico. Diante disso, Helder reforçou que o governo “tem compromisso com essa causa”. Porém, uma andorinha só não faz verão.
“Sozinho, nós teremos uma grande dificuldade de corresponder à expetativa do que a Amazônia representa nesse balanço de equilíbrio, que façamos com que as mudanças climáticas não ultrapassem o 1,5°C no planeta e possamos cumprir com a emissão zero de carbono até 2050”.
Foto: Brazil Climate Action Hub
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