Uma das mais apreciadas frutas típicas da Amazônia, o bacuri é hoje sinônimo não só de doces deliciosos, mas também um símbolo do impacto positivo que os pequenos produtores rurais e a bioeconomia podem dar para o desenvolvimento da região. Um exemplo disso vem da Fazenda Bacuri, localizada no município de Augusto Corrêa, no nordeste paraense, onde a produtora Hortência Osaqui leva à frente o legado de mais de 50 anos da família dedicados a uma economia sustentável.
Na década de 1970, Henrique Osaqui, pai de Hortência, adquiriu uma área de 64 hectares na região e começou a manejar o bacuri em um sistema agroflorestal que possibilitou a recuperação da área degradada e abriu caminho para que novos negócios baseados na natureza surgissem.
Em 2009, quando assumiu a fazenda após a morte do pai, Hortência manteve o projeto original, mas resolveu inovar com a aposta na verticalização da cadeia produtiva do fruto, cuidando de todas as etapas, desde o manejo das frutas até a transformação final em produtos. No ano seguinte, o local ganhou uma agroindústria responsável por fabricar geleias, compotas e licores que agregam valor ao que é cultivado.

Atualmente, os produtos da marca Osaqui contam com geleias de bacuri, bacuri com pimenta, compota de bacuri, geleia de açaí, geleia de cupuaçu e geleia de cupuaçu com pimenta, além de licores artesanais de frutas. Tudo com certificação orgânica e aval para comercialização para a Europa e Estados Unidos.
“Todos os insumos básicos, exceto o açúcar orgânico, são produzidos aqui mesmo, na fazenda. Isso reforça nosso compromisso com a produção local e sustentável”, afirma Hortência Osaqui.
Além da atenção de consumidores estrangeiros, as geleias da região ganham cada vez mais reconhecimento no pPaís. No Prêmio CNA Brasil Artesanal e Tradicional deste ano, a fazenda Bacuri foi classificada entre os dez melhores produtores e agora concorre à final nas categorias geleia simples e mista.

Mas não para por aí. A propriedade está investindo em outras atividades, como circuitos de turismo de experiência dentro da fazenda, expedições para desvendar as belezas e as riquezas dos cogumelos da Amazônia (micoturismo), banho de floresta e o chamado “Café com Experiência”, em que os visitantes podem fazer uma caminhada pela agrofloresta e depois desfrutar de um café colonial todo preparado com ingredientes da gastronomia local.
Para Hortência, esse é o maior resultado do trabalho, já que essas novas atividades envolvem mais diretamente as comunidades próximas, o que gera oportunidades de trabalho para os jovens e o fortalecimento da economia familiar.
“Ver que o nosso trabalho repercute de forma tão positiva na região é gratificante. É uma prova de que é possível fazer economia com a floresta em pé, conciliando produção sustentável com desenvolvimento social”, comenta a produtora.