É sempre bom para refletirmos sobre a poluição das nossas águas, que devido ao descarte inadequado de resíduos, prejudica a vida de inúmeros paraenses. Foi pensando na solução desse problema que, em 2020, nasceu o projeto Anamã com a missão de interromper o fluxo de plástico nos rios urbanos da Amazônia.
Sediado na Universidade Federal do Pará (UFPA), o projeto possui oito membros de diferentes cursos da graduação e atua por meio de ferramentas de baixo custo, como as ecobarreiras, e da implementação de centros de reciclagem e tecnologias sustentáveis.
Produzidas com materiais reutilizados como fios de PET e canos de tubulação, as barreiras ecológicas impedem que o plástico jogado nos rios e canais chegue aos oceanos.
“As ecobarreiras retêm os resíduos antes que cheguem aos oceanos e os ecopontos são para descartes de resíduos domésticos e auxílio em ações de educação ambiental em comunidades e escolas. Todos são produzidos por Tubos e Conexões de PVC”, explicou Beatriz Araújo, diretora de comunicação do Anamã, ao Diário do Pará.
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Além de alterar a paisagem dos rios que atravessam a cidade, a iniciativa também busca colaborar com as comunidades que enfrentam vulnerabilidade socioeconômica, criando oportunidades de geração de renda por meio do estímulo ao mercado de reciclagem em cidades e municípios.
Atualmente, o Anamã, do tupi, “jóia do rio”, atua em águas do distrito de Icoaraci, em Belém, e do município de Bujaru, mas a ideia é expandir a instalação das ecobarreiras para todos os rios do Pará. Segundo o projeto, desde a instalação das barreiras ecológicas, 312,95 quilos de resíduos não descartados foram retirados e mais de 185 mil pessoas beneficiadas.
Encontros para limpar canais e praias
O projeto também organiza encontros para limpar praias e canais da cidade. A ação “Limpando os rios da Cidade” que aconteceu em setembro por exemplo, contou com mais de 110 voluntários, removendo 6 mil itens dos rios Tucunduba, Sapocajuba e Guamá na UFPA e mais de 800 quilos de resíduos sólidos.
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O esforço coletivo já foi reconhecido através de diversos prêmios, tanto em competições de empreendedorismo nacionais quanto internacionais. No ano passado, o Anamã foi o campeão do Prêmio Inovação Social Amanco Wavin, que premiou iniciativas que utilizam o plástico de maneira inovadora com o objetivo de ajudar comunidades vulneráveis e proteger o meio ambiente.
Outras iniciativas
Como já publicamos aqui no Pará Terra Boa, a poluição dos rios paraenses afeta a população que muitas vezes depende deles até para beber água. No ano passado, o descarte inadequado de resíduos no Rio Arapiuns levou a comunidade da região a protagonizar um ato de resistência. O “Rabetaço, o grito que vem da Amazônia’’ teve como tema “Enraizando resistências nas águas e na floresta para o clima não esquentar”.
Nessa ação, os jovens, juntamente às lideranças comunitárias das aldeias e comunidades da região do Arapiuns, saíram em rabetas, embarcações comuns na região, levando cartazes de denúncias e conscientização, que traziam mensagens como “o rio é nosso corpo, nosso sangue, nossa vida”.
“A gente sentiu necessidade de fazer algo em defesa do rio e fazer com que as nossas vozes pudessem ecoar. Por conta da incidência das madeireiras dentro da região, que exploram madeira ilegal e jogam resíduos diretamente no rio, a população do alto Arapiuns, que depende dessa água até para beber, é prejudicada. O coletivo tem a visão de lutar por políticas públicas e uma delas é o nosso direito a uma água de qualidade”, defendeu Marlon Rebelo, integrante do coletivo Guardiões do Bem Viver.