Por Ivana Guimarães
O Pará Terra Boa conversou com Robson Brogni, que junto à esposa Sarah, administra o Sítio Ascurra, precursor do cacau fino em Medicilândia (PA).
Em 2008, o casal veio do Sul do país para a região e, hoje, colhe até 200 toneladas a cada safra anual. A fermentação do cacau, para que ele alcance o padrão fino, é de responsabilidade de Robson, já Sarah se especializou na área de chocolataria.
Ganhadores de diversos prêmios como o Melhor Cacau do Brasil 2021 na categoria blend, eles falam sobre os processos do cacau fino e analisam os desafios da cacauicultura paraense.
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Como tudo começou?
Começamos no ano de 2015 a fermentação de cacau fino. Até 2018, fazíamos os lotes finos, mas ainda não tínhamos um mercado que pagasse um diferencial financeiro para esse tipo de amêndoa. Vendíamos tudo como cacau comum. Foi quando no início de 2019 conseguimos o primeiro cliente de cacau fino que pagava um diferencial por ele e, a partir daí, nosso leque de clientes só aumentou.
Vocês produzem o próprio chocolate? Como é esse processo? Quais são os cuidados especiais que o cacau fino demanda?
Quando vimos que tínhamos a capacidade de produzir cacau fino de alta qualidade, além de vendermos esse cacau para clientes de todo Brasil, também decidimos iniciar nossa própria marca de chocolate Tree to Bar, que quer dizer da amêndoa à barra. A fábrica fica dentro da fazenda do cacau e todo processo é feito aqui, desde a lavoura até a fabricação do chocolate. O cacau fino demanda um protocolo especial para seu preparo. Isso começa na colheita e só termina quando esse cacau chega com a qualidade ideal no cliente final: o chocolateiro.
Para vocês, quais são os principais desafios dos cacauicultores paraenses? E quais os diferenciais do cacau da sua região?
Os principais desafios para a cacauicultura paraense não são muito diferentes dos desafios da cacauicultura dos outros estados, pois queira ou não, nós dependemos de dinheiro para viver e na atualidade o preço do cacau está uma vergonha. O cacauicultor está literalmente pagando para trabalhar. E não tem desafio maior do que esse, tentar equilibrar essa matemática de curso x benefício.
O que vocês consideram um cacau de qualidade?
Um protocolo diferenciado de manejo, desde a colheita até a armazenagem e, principalmente, com confiança em nossa equipe de trabalho, pois dependemos disso para no final termos um cacau de qualidade.
Vocês foram premiados no Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial na categoria blend, poderiam nos explicar um pouco sobre o que significa essa categoria? E qual a importância dessas premiações para a região?
Blend quer dizer (do inglês) “mistura”. Os lotes blend são oriundos das lavouras onde a genética é de responsabilidade da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura e que é responsável pela cacauicultura no Brasil. Os lotes do cacau blend são resultado de uma mistura genética com mais de 15 variedades, todas aleatoriamente misturadas na lavoura. Essa mistura resulta num diferencial único no que diz respeito ao sensorial das amêndoas do cacau. As premiações das amêndoas da nossa região são de extrema importância, pois isso se torna uma grande vitrine não só a nível nacional, mas também internacional, como já está acontecendo com produtores da região Transamazônica.
E para os cacauicultores que desejam produzir um cacau de melhor qualidade e ter melhores resultados, Robson Brogni deixa um recado: