Enquanto o mundo e o Brasil assistem à escalada da violência contra ambientalistas e a imprensa na região amazônica, o Ministério da Justiça autorizou nesta segunda-feira, 13/06, a permanência da Força Nacional de Segurança Pública na Terra Indígena Parakanã, no Pará. Os militares ficarão na região de 17 de junho a 16 de julho deste ano. A TI Parakanã é lar de 1,5 mil pessoas da etnia Awaté-Parakanã e está localizada entre os municípios de Novo Repartimento e Itupiranga.
Foi lá que três homens, que seriam caçadores, teriam morrido em maio dentro da Terra Indígena. O caso dessas três mortes é marcado por lacunas. Relatos que chegaram ao Ministério Público Federal (MPF) diziam que outros moradores da região, armados, teriam ido até o território Parakanã para acusar os indígenas de serem responsáveis pelo desaparecimento.
Os Awaeté-Parakanã têm contato recente, cerca de 40 anos, e a maioria vem buscando estudar para melhor se comunicar com a sociedade não indígena, tendo poucos falantes de português. Além disso, ainda lidam com as sequelas do deslocamento compulsório para a Construção da Hidroelétrica de Tucuruí e de uma Tutela traumática do Programa Parakanã.
Após a morte dos três caçadores, os Awaeté passaram a ser ameaçados.
Histórico
Apesar de homologada em 2007, a terra indígena ainda tem 80% do seu território ocupado por não indígenas que atuam especialmente como madeireiros, garimpeiros e posseiros da região. Além de devastar as florestas, os invasores têm impedido que a Funai realize seu trabalho na terra indígena, inclusive ameaçando servidores e indígenas residentes no local.
Ao longo dos anos, foram mais de 120 liminares que tentaram impedir a desintrusão da terra indígena. Em 2015, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a retirada dos invasores, fato que ainda não aconteceu. Em 2019, a negligência do governo federal ameaça mais uma vez a vida dos Parakanã: o ano foi recorde de desmatamento e queimadas dentro da terra indígena.
Os Parakanã se dividem em dois grandes blocos populacionais, que habitam duas terras indígenas: a primeira denominada Terra Indígena (TI) Parakanã, localiza-se na bacia do Tocantins, municípios de Repartimento, Jacundá e Itupiranga, no Pará. Com uma extensão de 351 mil hectares, encontra-se demarcada e com sua situação jurídica regularizada.
A segunda área, denominada TI Apyterewa, localiza-se na bacia do Xingu, nos municípios de Altamira e São Félix do Xingu, também no Pará. Com 981 mil hectares, a TI Apyterewa foi declarada de posse permanente dos Parakanã em 1992.