Após 30 anos de espera, os povos das etnias Tembé, Timbira e Kaapore receberam na quarta-feira, 28, a titulação da Terra Indígena Alto Rio Guamá, localizada nos municípios de Nova Esperança do Piriá, Santa Luzia e Paragominas, no nordeste do Pará.
“Pra nós é muita alegria, depois de tantos anos de luta e angústia, chegou o fim”, disse, emocionadoo o cacique Naldo Tembé, na abertura da cerimônia de entrega do documento aos indígenas, após intenso processo de desintrusão.
Homologada em 1993, a terra indígena de 282 mil hectares, estava com parte do território ocupado ilegalmente por cerca de 1.600 não indígenas.
No Alto Rio Guamá moram 2,5 mil indígenas das etnias Tembé, Timbira e Kaapor distribuídos em 42 aldeias próximas ao Rio Guamá, ao norte do Rio Gurupi, na fronteira com o Maranhão.
Embora a Justiça determinasse a retirada imediata dos ocupantes ilegais da terra, o governo negociou prazo de 30 dias para que as famílias de 1.600 não indígenas deixassem a terra de forma voluntária sem necessidade de uso de força policial.
“É um momento de muita alegria estar presente aqui hoje. A ação seguinte é garantir as condições de produção, de restaurar os territórios, reflorestar e fortalecer a cultura. Esse território na mão do povo indígena é garantia de sustentabilidade e de proteção”, destaca a ministra”, afirmou a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
A TI Alto Rio Guamá é terra da secretária de Estado dos Povos Originários do Pará, Puyr Tembé. Também presente na cerimônia, ela ressaltou a necessidade de uma força tarefa de todos os órgãos e instituições, para manter a defesa do território.
“É importante que haja uma força tarefa de todos os entes para dar continuidade a pós-desintrusão, para reflorestar e fortalecer esse território. É preciso combater as ilegalidades, o garimpo e o desmatamento. É preciso proteger a Amazônia e quem nela vive. É preciso preservar essa sociobiodiversidade!”, disse Puyr.
De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, foi firmada parceria com o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Justiça para garantir a fiscalização contínua e proteção da Terra Indígena Alto Rio Guamá. A Funai vai apoiar iniciativas de produção de alimentos para garantir segurança alimentar e o Ministério da Cultura dará apoio ao fortalecimento cultural.