O Projeto Saúde e Alegria ouviu na quarta, 22, e nesta quinta, 23/06, comunidades participantes de um seminário que debateu as mudanças climáticas na região oeste do Pará. O encontro buscou mapear a situação de cada uma das aldeias e comunidades.
As mudanças climáticas são registradas por todo o globo terrestre em função, especialmente, do desmatamento e do acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, como o CO2. As emissões desses gases recobrem a Terra, retendo o calor do sol. Isso leva ao aquecimento global e às mudanças climáticas. O mundo agora está aquecendo mais rapidamente do que em qualquer outro momento registrado na história.
O desmatamento de florestas para formar fazendas ou pastos, ou por outros motivos, gera emissões. Isso acontece porque, ao serem cortadas, as árvores liberam o carbono que estavam armazenando. Cerca de 12 milhões de hectares de florestas são destruídos por ano. Como as florestas absorvem o dióxido de carbono, a destruição delas também limita a capacidade da natureza em manter as emissões fora da atmosfera. O desmatamento, assim como a agricultura e outras mudanças no uso da terra, é responsável por cerca de um quarto das emissões globais de gases do efeito estufa.
Veja abaixo os principais relatos de quem vive sob constante ameaça de setores que contribuem para esse desequilíbrio climático, como garimpeiros, mineradores ilegais, grileiros e madeireiros:
Invasões de madeireiras, assoreamento dos igarapés, são problemas presentes na nossa Terra indígena. Em São José 3, formou-se um lago onde era uma reserva de buritizeiro e araras. Hoje já não existem mais, porque as árvores morreram e as aves foram embora”, contou Clenilson Arapiun da Terra Indígena Maró.
Gabriel Bernades, da comunidade Tapará Miri, região de várzea:
“Antes existia uma grande concentração de árvores frutíferas e agora com a erosão do solo e desmatamento que está acontecendo, estão desaparecendo. Apontamos aqui, algumas soluções como o reflorestamento e cuidados ambientais. Meu pai é pescador. Quando eu era pequeno, ele pegava tambaqui de dez, 20 quilos, e hoje nem pra consumir nem comercializar”.
Lucas Tupinambá do Conselho Indígenas Tupinambá, que representa vinte e três aldeias da margem esquerda do rio Tapajós:
“Hoje já não sabemos a época pra se plantar na região do Tapajós, pelos efeitos das mudanças climáticas. Hoje está chovendo muito, mudaram as estações do ano. Hoje a nossa produção já não rende como nos anos anteriores”.
Edilson Silveira, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém:
“A gente vive um contexto da disputa do nosso território que está relacionado a nossa floresta, ao nosso rio, aos nossos igarapés. Se a gente não se alertar de falar com a juventude, a gente vai perder esse nosso território”.
União de todos
O seminário faz parte das ações do Projeto Saúde e Alegria, que coordena o projeto ‘Vozes do Tapajós combatendo as Mudanças Climáticas’, integrante de uma coalizão de seis instituições com atuação na região do alto e médio Tapajós e baixo Amazonas.
Juntos, Saúde e Alegria, Sociedade para Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente (SAPOPEMA), Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (CITA), Conselho Indígena Tupinambá (CITUPI), Suráras do Tapajós, Coletivo Audiovisual Munduruku Dajekapapeypi e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), estão promovendo uma agenda comum sobre o tema das mudanças climáticas, agregando e fortalecendo iniciativas que já compõem a agenda de trabalho das organizações.
Fonte: Projeto Saúde e Alegria