Na última semana, gestores de 14 povos indígenas de Mato Grosso e do Pará participaram do 1º módulo do curso para o aperfeiçoamento em gestão para lideranças de organizações indígenas do Tapajós, na modalidade Formação Inicial Continuada (FIC), segundo informações do Notícia Exata. A formação discutiu a situação atual dos povos indígenas e de suas organizações, bem como o histórico sobre a atuação do movimento indígena brasileiro.
O curso aconteceu em Alta Floresta, na Amazônia mato-grossense. Estiveram presentes no evento os povos Chiquitano, Munduruku, Karajá, Tupinambá, Manoki, Rikbaktsa, Terena, Baniwa, Cinta Larga, Kayabi, Apiaká, Bakairi, Arapaço e Galibi Marworno.
Aulas de português e de informática, por exemplo, fazem parte da grade curricular do curso. A coordenadora do programa de Direitos Socioambientais do ICV, Deroní Mendes, pontuou que uma das premissas é de que as aulas sejam ministradas prioritariamente por profissionais indígenas.
“O objetivo é aperfeiçoar os conhecimentos dessas lideranças em relação a gestão das organizações, mas também é uma iniciativa contribuir para aperfeiçoar as habilidades e competências dessas pessoas como lideranças facilitadoras, ampliando a capacidade de dialogar, de mitigar conflitos e de pensar sobre o papel, a responsabilidade e o compromisso das organizações como o bem viver nos territórios”, explicou.
Para o coordenador tesoureiro da Coiab, Avanilson Karajá, o momento atual no Brasil possibilita que os indígenas ocupem cargos de liderança, inclusive nas esferas públicas, como no Governo Federal.
“Esse curso pode ser muito importante para o currículo dessas lideranças, que futuramente podem até pleitear essas vagas no Governo, porque elas estarão capacitadas e com experiência na gestão de suas organizações”.
Ao todo, o curso foi estruturado em quatro módulos e um seminário integrador. O segundo módulo, que acontece nesta semana, tem a estrutura das organizações e o papel de suas lideranças como tema. Já o terceiro e o quarto devem abordar a elaboração de projetos e os editais de organizações financiadoras.
A secretária executiva da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Pará (Fepipa), Eli Tupinambá ressaltou que o curso também é uma formação política para as lideranças, para que os indígenas entendam melhor seus territórios e consigam reivindicar por suas demandas de forma mais estruturada.
“Isso não vai terminar aqui, é uma formação continuada. Esperamos que nos próximos módulos do curso a gente tenha mais mulheres, que seja uma coisa que a gente consiga colher os frutos muito em breve”, finalizou.