Por trás do quadro de desnutrição e dos problemas de saúde que assolam a população Yanomami, na Amazônia, estão as omissões no combate ao garimpo, que teve avanço desenfreado na região nos últimos anos. Entre os efeitos da invasão pela mineração irregular, estão a contaminação dos rios com mercúrio, a destruição das roças das comunidades e a fuga dos animais que servem de alimentos. Além disso, o contato com os homens brancos também resulta na transmissão de doenças que podem ser fatais para os indígenas, como a gripe e a covid-19.
Como revela reportagem de O Globo, a situação de degradação social e sanitária em função da invasão garimpeira, porém, não é exclusividade da Terra Indígena Yanomami (TYI) entre as comunidades indígenas da Amazônia. Monitoramento do Mapbiomas mostra que há cinco Terras Indígenas (TIs) onde o avanço do garimpo acontece de forma mais grave. Na edição mais recente do Mapeamento Anual de Mineração e Garimpo no Brasil, de setembro de 2022, as estatísticas mostram que as TIs Kayapó, Munduruku, Yanomami, Tenharim do Igarapé Preto e Apyterewa, em ordem, são as que têm maior território devastado pelo garimpo.
Dessas cinco, três ficam no Pará, sendo Kayapó e Munduruku territórios ainda mais explorados que o Yanomami, como o Pará Terra Boa tem noticiado com frequência.
Para se ter uma ideia, em 2021, a extensão territorial onde foi identificada atividade garimpeira somava 11.542 hectares na TI Kayapó e 4.743 hectares na TI Munduruku. Na TI Yanomami, foram identificados 1.556 hectares de devastação no mesmo período. Uma das explicações para a diferença entre esses três números é geográfica,
Para Cesar Diniz, coordenador da área de Mineração do MapBiomas, o poder público precisa investir em sistemas de monitoramento das aberturas de lavras garimpeira e de rastreamento da produção de ouro, como técnicas para coibir a atividade ilegal. Para ele, só com disposição e vontade política será possível solucionar problema.
“Existem 424 Terras Indígenas na Amazônia e apenas cinco são severamente afetadas pelo garimpo. Então dizer que o Brasil não tem condições de coibir a invasão garimpeira é rir da capacidade brasileira de combater o crime” afirma o especialista.
Diniz lembra que as regiões visadas pelo garimpo são as mesmas de décadas: Pará, RR e MT,
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