Uma das riquezas culturais de uma região são as lendas que alimentam o imaginário popular. O Pará vai contribuir com as suas na série nacional “Mitos Vivos”, da Render Brasil Produções, com apresentação de Gabriel Sater, filho do cantor Almir Sater, conforme informou o site “Rede Pará” na segunda-feira, 21/02. Serão abordadas duas lendas paraenses, a do Boto e da Matinta Perera. Das 12 cidades brasileiras a serem visitadas pela equipe da produção, duas são paraenses, Belém e Ananindeua.
“Serão dois episódios só no Pará. A série é documental, mas com finalização de ficção. O foco é cultura popular, sobre como as pessoas da região falam do mito pertinente ao local. Na verdade, falamos muito mais das pessoas do que do mito. A gente quer mostrar a diversidade e riqueza da cultura do País. Temos material para fazer pelo menos umas quatro temporadas, tão rica é a cultura popular brasileira”, disse Fábio Flecha, produtor e diretor da série, à publicação.
Um dos entrevistados é Átila Monteiro, filho do escritor Walcyr Monteiro e fundador da editora que leva o nome do pesquisador que dedicou a vida a documentar essas manifestações culturais.
“Ele tem uma característica diferente dos outros, de ser uma pessoa que acompanhou as pesquisas do pai dele, ou seja, ele pode falar não só do ponto de vista de um fã, mas de quem acompanhou os registros de muitas histórias, isso é diferenciado”, acrescentou Flecha.
Átila falou sobre a importância do trabalho do pai para a cultura paraense.
“Foi um imenso prazer e um momento de emoção muito grande, porque pude recordar todos os ensinamentos que o meu pai me passou ao longo de sua vida. Sobre a importância do folclore e das lendas amazônicas, não só para a cultura, como para a identidade do nosso povo. O Walcyr Monteiro é referência no Pará, na Amazônia e no Brasil para qualquer um que queira falar sobre folclore”, disse ele ao “Rede Pará”.
Além de fazer pesquisas sobre os mitos e lendas da região amazônica, a equipe formada por seis pessoas está conversando com os ribeirinhos no Pará, que vão falar sobre o dia-a-dia da comunidade. “O mito é uma maneira de contar mais sobre essas pessoas”, afirma o diretor.
O site informa que a série, que reúne no total 30 profissionais, será veiculada primeiramente na TV Brasil, mas a ideia é oferecer para outras plataformas, especialmente de streaming. As gravações seguem até maio, com finalização em setembro deste ano e exibição em 2023, ainda sem data definida.
O boto
Diz a lenda que em noite de lua cheia, o boto sai do rio, se transforma em um homem bonito e sedutor, lança seus encantos sobre uma moça da região, a engravida e depois volta pro rio. Quando não se sabe quem é o pai de alguém na região, há quem diga que se trata de um dos filhos do boto.
Matinta Perera
O “Portal Amazônia” explica o significado da lenda de Matinta Perera.
Conta a lenda, que à noite, um assobio agudo perturba o sono das pessoas e assusta as crianças, ocasião em que o dono da casa deve prometer tabaco ou fumo.
Ao ouvi-lo, o morador diz: ‘Matinta, pode passar amanhã aqui para pegar seu tabaco’. No dia seguinte, uma velha aparece na residência onde a promessa foi feita, a fim de apanhar o fumo.
A velha é uma pessoa do lugar que carregaria a maldição de ‘virar’ Matinta Perera, ou seja, à noite transformar-se neste ser indescritível que assombra as pessoas.
Dizem que a Matinta, quando está para morrer, pergunta: “Quem quer? Quem quer?”. Se alguém responder “eu quero” recebe na verdade a sina de ‘virar’ Matinta Perera.
Fonte: Rede Pará e Portal Amazônia