O paraense conhece os inimigos do povo e da floresta, mas um deles pode fazer o Brasil perder a soberania, o domínio ou a autoridade sobre a Amazônia. Trata-se do crime organizado, segundo afirmou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, em entrevista à agência de notícias Reuters, reproduzida pelo jornal Folha de S.Paulo, na quarta-feira, 8/12.
“Há um risco real de se perder a soberania da Amazônia não para qualquer outro país, mas sim para o crime organizado”, disse Barroso, que participou no mês passado da Conferência do Clima da ONU (COP27), no Egito, e relatou casos importantes sobre meio ambiente no Supremo.
“Evidentemente, nós queremos ideias do mundo, mas não abrimos mão de nenhum milímetro de soberania”, acrescentou.
O caso recente mais emblemático da violência resultante do crime organizado foi das mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no Amazonas. Os dois assassinatos atravessaram fronteiras mundo afora, escancarando a atuação do crime organizado na região contra quem denuncia o avanço de criminosos sobre o território e exploração ilegal dos recursos naturais da Amazônia.
Barroso destacou que em 2022 o Supremo tomou decisões importantes em relação à Amazônia e à mudança climática, incluindo a determinação para que o governo retome ações para reativar o uso de recursos do Fundo Amazônia e do Fundo Clima, este último do qual foi relator.
Região Norte
O Monitor da Violência do portal G1 indicou que o número de assassinatos no país continua em queda em 2022. Foram 30,2 mil assassinatos nos primeiros nove meses deste ano, o que representa uma queda de 3% em relação ao mesmo período de 2021. Mesmo assim, o número é elevado: em média, 111 brasileiros foram assassinados por dia entre janeiro e setembro deste ano.
A Região Norte teve uma queda de 3% entre janeiro e setembro deste ano — mas chama a atenção que a região comporta dois extremos do país: os estados com a maior alta e com a maior queda de mortes do país.
De um lado, está o Amapá, estado que teve uma redução de 34% de assassinatos em comparação com o ano passado. Foram 242 casos em 2021, contra 159 neste ano. Vale lembrar que, após dois anos seguidos de queda, o estado fechou 2021 com uma alta de 19% nos assassinatos, um aumento que aconteceu em meio à disputa entre facções criminosas na região — onde grupos armados disputam as atividades ilegais de tráfico de drogas e armas.