A indesejável construção de um porto da empresa norte-americana Cargill pela comunidade pesqueira paraense, em uma ilha no município de Abaetetuba (PA), chamado de Terminal Portuário de Uso Privado (TUP), vai ser contada em novo documentário a ser lançado em maio. Um aperitivo do material já está no ar, com o nome #FORACARGILL. Esse projeto portuário da empresa gringa já foi tema de reportagem do Pará Terra Boa.
A produção do teaser #FORACARGILL, de Francisco Weyl, é da Arte Usina Caeté, produtora multimídia que atua na Amazônia paraense sob a perspectiva do cinema social, por meio de projetos institucionais, acadêmicos e comunitários.
Roteirizado, produzido, filmado e montado durante dois meses, o documentário #FORACARGILL tem como cenário as ilhas do município de Abaetetuba afetadas pela construção do TUP em território do Programa de Assentamento Agro-Extrativista Santo Afonso, na Ilha do Xingu, em Abaetetuba, onde vivem e trabalham cerca de 200 famílias, numa área de 2.705,6259 hectares.
Sem consultar os moradores das ilhas, a Cargil assedia a comunidade a aceitar a construção do porto, com promessa de geração de emprego, seguidas de mensagens que anulam a história, o saber e a trajetória organizativa e cooperativa comunitária local.
Financiado pelo Fundo Casa em parceria com a FASE Amazônia, WFK Direitos Humanos, Caritas Regional Norte II, com apoio do Conselho das Associações de Ribeirinhas e Ribeirinhos dos Programas de Assentamento Agro-Extrativistas de Abaetetuba, Conselho Nacional dos Seringueiros, Comissão Pastoral da Terra, e Festival Internacional de Cinema do Caeté, o filme marca a entrada da Arte Usina Caeté na cena audiovisual Amazônica.
Na Justiça
O projeto está vem sendo questionado em Ação Civil Pública promovida pela CARITAS Regional Norte II, ação promovida por Paulo Weyl, responsável pela área de Direitos Humanos do Escritório Weyl, Freitas e Kawhage David, Vieira e Botelho, Advogados Associados.
A comunidade do Território Quilombola do Bom Remédio, também afetado pela obra, se mobilizou no final de março por meio do Ministério Público Federal no Pará, conforme você pode ver aqui.
A aberração jurídica está exposta aqui.
Faturamento
O jornal “Valor” informa nesta segunda-feira que o faturamento da gigante do agronegócio em 2021 chegou a R$ 103 bilhões no Brasil, 50% mais que em 2020 (R$ 68,6 bilhões). O lucro líquido da subsidiária brasileira da multinacional, que conta com mais de 10 mil colaboradores, porém, caiu 15% em relação ao ano anterior, para R$ 1,8 bilhão.
Em 2021, informou a empresa, seus investimentos no Brasil somaram R$ 1 bilhão, e nos últimos quatro anos os desembolsos chegaram a R$ 4 bilhões.
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