Seja no palco, na cozinha, no campo, na agroindústria ou no quilombo, cada uma à sua maneira, muitas paraenses fazem a diferença ao valorizarem as belezas e riquezas do nosso Estado. Ao atuarem nos mais diversos setores da sociedade, elas mostram que lugar de mulher é onde ela quer estar.
No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, o Pará Terra Boa selecionou oito paraenses que se destacam em suas áreas. São histórias de quem está olhando para as coisas boas que a nossa terra tem a oferecer e tirando o melhor dela. Confira:
1- Hortência Osaqui
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Em Augusto Corrêa, a engenheira florestal é administradora da Fazenda Bacuri, que trabalha com produção agroindustrial orgânica e artesanal de polpa de frutas e licores da biodiversidade amazônica, sendo pioneira na certificação de seus processos e tendo reconhecimento internacional.
Sobre sua experiência como liderança feminina no meio agrícola, Hortência falou ao Pará Terra Boa ,ressaltou a importância de sedimentar o caminho para outras mulheres.
“Ainda é um mundo dos homens, mas eu calcei a bota da produtora rural e vi que essa é uma oportunidade para abrir portas para outras pessoas. Porque hoje eu sirvo de referência para muitas mulheres, sabe? Hoje estou olhando para minha propriedade porque o meu sonho era esse e eu vejo que é possível fazer.”
2- Dulce Oliveira
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Dulce Oliveira vive no Canal do Jari, na convergência dos rios Amazonas, Tapajós e Arapiuns, na típica palafita amazônica. Ela conversou com o Pará Terra Boa sobre como sua casa virou atrativo turístico.
No Jari de águas marrons moram seus vizinhos: jacarés, botos, peixes-bois, aves, macacos, cobras, tartarugas e outras espécies. E foi ali o local escolhido para cultivar vitória-régia, que faz sombra para os peixes e alimenta outras espécies a partir das raízes.
Como Dulce é gente dessa terra boa, viu uma renda extra na gastronomia a partir da espécie botânica que enfeita seu quintal. Passou, então, a oferecer aos turistas um menu degustação com vitória-régia – uma delas é a moqueca -, além de fornecer a matéria-prima para conservas e geleias da marca Deveras Amazônia.
3- Fafá de Belém
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Além de emocionar o Brasil com músicas inesquecíveis, a cantora tem um importante papel de valorização do Círio de Nazaré, um dos maiores eventos sagrados do mundo.
Em reconhecimento à importância religiosa e cultural do Círio, Fafá realiza desde 2011 a “Varanda de Nazaré”, celebração paralela que homenageia a maior festividade católica do Estado. Sendo uma das maiores embaixadoras da cultura paraense, todos os anos, em outubro, Fafá leva convidados de múltiplos olhares para uma imersão na profunda atmosfera de fé e devoção que toma conta das ruas de Belém.
Embaixadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Fafá também participou da última Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP27, que ocorreu no Egito. Na ocasião, ela defendeu a inclusão dos povos da floresta no debate climático e convidou ao palco mulheres amazônidas como a liderança quilombola do estado do Pará, Erica Monteiro.
4- Sigla Regina
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A professora aposentada é a principal organizadora da comunidade quilombola de Espírito Santo do Itá, no município de Santa Izabel do Pará. Lá acontece um turismo gastronômico, que permite que o público acompanhe todo o processo de fabricação da farinha de mandioca e seus derivados, como a goma, o tucupi ou a maniva.
Ela foi uma das criadoras do Festival da Mandioca, que marca a celebração das vendas dos produtos derivados da raiz produzidos no quilombo. O festival cresceu tanto que, em 2018, a Prefeitura declarou como patrimônio cultural e imaterial do município de Santa Izabel.
“Eu criei esse festival em 2013 com a finalidade de valorizar a cultura deles e angariar fundos para a comunidade. O evento também revelou o grande talento das mulheres da comunidade com a culinária. Elas fazem excelentes pratos a partir da mandioca, e isso é muito apreciado pelos visitantes”, disse em entrevista do Pará Terra Boa.
5- Dona Nena
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Na Ilha do Combu, em Belém, Izete Santos Costa, conhecida como dona Nena, desde criança, ajudava os pais que plantavam e produziam cacau para venda na região. Hoje, aos 56 anos, é uma empreendedora referencial pela produção do famoso cacau do Combu por meio do resgate da cultura de produção do fruto na comunidade.
O trabalho dela é um exemplo prático do conceito de bioeconomia, em que desenvolvimento econômico e sustentável andam de mãos dadas. Em uma produção familiar, com o compromisso de manter a tradição cultural e ancestral na produção de chocolate, a Filha do Combu vem crescendo cada vez mais.
“Vejo a floresta como recurso muito importante para o sustento da minha família e das pessoas que colaboram com a produção. Comecei vendendo as barras de chocolate 100% cacau feito no pilão na feira de orgânicos e não deu certo. Resolvi experimentar um outro método, com o moinho e acabou funcionando. Já recebi visita de chefes da França, da Argentina, dos Estados Unidos além de São Paulo e de outros Estados brasileiros”, disse ela.
6- Marina Cabral
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A empresária é idealizadora do projeto Combu da Amazônia, uma distribuidora de alimentos que transforma em realidade o sonho de apresentar para o Sul e Sudeste do Brasil a gastronomia do Pará.
Segundo ela, tudo começou pela falta que sentia de consumir seu habitual açaí sem guaraná, de comer um bom pato no tucupi e principalmente de comprar uma farinha de qualidade.
No Combu da Amazônia, é possível encontrar desde polpa de açaí, feijão manteiga de Santarém, farinha d’água de Bragança e chicória do Pará até pratos típicos do nosso Estado congelados: vatapá paraense, tacacá, maniçoba, entre outras delícias. E, ao valorizar a saborosa culinária paraense, Marina se surpreendeu com a diversidade de seus clientes.
“No geral, supõe-se que meu público é exclusivamente de nortistas, mas a realidade não é esta. No varejo, eu digo com tranquilidade, sem medo de errar, que mais da metade é de paulistanos curiosos e apaixonados por novas experiências.”
7- Dona Onete
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Essa entidade da cultura paraense, natural de Cachoeira do Arari, lançou seu primeiro disco aos 73 anos de idade, após 25 anos de dedicação ao magistério. Dona Onete contou ao Pará Terra Boa que pretende lançar um disco com um novo ritmo batizado de lambumrimbó, com a proposta de valorizar toda mulher dona de seu próprio nariz.
“Eu quero até lançar um ritmo misturando a lambada, boi-bumbá e carimbó. Dei o nome de lambumrimbó. É um ritmo nosso, uma coisa da gente. Eu quero falar também do empoderamento da mulher. Da mulher atrevida, abusada, gostosa. A mulher brasileira, que defende a sua bandeira e não nega onde nasceu porque, para mim, você tem que dizer onde que nasceu e ter muito orgulho.”
A cantora afirma que onde quer que esteja, sempre vai defender sua terra, inclusive dos processos de degradação ambiental em curso no estado.
“Eu tenho orgulho de ser paraense. Eu gosto de ser cabocla. Eu gosto de ser índia e onde eu for, eu defenderei a nossa região Norte tão bonita e que amo demais e de paixão. E é através de música que eu coloco o que sinto sobre esta lixarada toda, dessa água poluída, de tudo o que está acontecendo, das barragens, das hidrelétricas que estão fazendo, é tanta coisa.”
8- Valéria Moura
A bióloga de Santarém é ganhadora do segundo lugar do Prêmio Elos da Amazônia 2021 – Edição Açaí, com o projeto de café do caroço de açaí padronizado em laboratório.
A ideia de Valéria partiu da necessidade da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Belterra (Amabela), onde convivem comunidades tradicionais na Floresta Nacional de Tapajós e produtores de soja.
A Amabela condena o uso de agrotóxicos e promove o empoderamento feminino. Valéria, então, fez parceria com a associação de forma a alavancar a produção das dezenas de mulheres. A bióloga também é empreendedora da marca Deveras Amazônia, com produção artesanal de geleias, conservas e licores com sabores amazônicos.