O nosso Pará não se cansa de oferecer riquezas naturais ao mundo. Entre elas está o óleo de palma, um dos principais óleos vegetais em produção e comercialização no mundo, à frente até do familiar óleo de soja. Sua produtividade global chega a alcançar 5 toneladas de óleo por hectare anualmente.
No Estado, a empresa Brasil BioFuels (BBF) tem quatro polos de produção situados na região do Vale do Acará e no Baixo Tocantins. São 56 mil hectares de palma de óleo plantada em terras próprias e 6,8 mil hectares em projetos de agricultura familiar. Ao todo, são produzidas 200 mil toneladas de óleo por ano pelas mãos de 4 mil colaboradores.
A Biopalma, empresa que a BBF adquiriu no ano passado, escolheu o Pará pelo potencial agrícola, boa oferta de mão de obra e localização geográfica estratégica. Trabalha com famílias experientes em plantio e manejo de oleaginosas e com enorme conhecimento da região e do seu clima.
Do ponto de vista ambiental, a palma tem suas vantagens. É uma matéria-prima altamente estratégica para a fabricação de biodiesel, também fabricado pela BBF. Apresenta um balanço positivo em termos de emissões de carbono. Do ponto de vista da recuperação de áreas degradadas, possui um cultivo perene, ou seja, o fruto é retirado para a fabricação do óleo, mas a árvore permanece. Seu manejo também não pode ser mecanizado, garantindo emprego e renda na região.
Um dos primeiros cultivos que vêm à cabeça quando falamos de biocombustíveis é a cana-de-açúcar, mas a análise das vantagens e desvantagens das potenciais matérias-primas para a produção deles deve considerar as aptidões naturais de cada região. A cana-de-açúcar encontra seu espaço no Sudeste e no Nordeste, enquanto a Região Norte oferece um clima muito favorável à cultura da palma. Certamente o grande diferencial da palma em relação a outras oleaginosas é a maior capacidade de produção de óleo, afirma a BBF.
As cultivares provenientes de híbridos, por exemplo, tendem a ser mais resistentes à incidência de pragas no cultivo da palma. O controle preventivo ainda é mais eficiente, potencializando os ciclos de atividades de manejo e colheita.
Mas o óleo de palma, como sabemos, vai além. É matéria-prima para produtos de largo consumo, como margarinas e cremes, sorvetes, biscoitos, chocolates, recheios, substitutos de manteiga de cacau e óleo de cozinha. Bom para frituras, é um dos poucos óleos que mantêm suas propriedades mesmo em altas temperaturas. Além disso, já contém conservantes naturais que aumentam a vida útil dos produtos, apresenta maior rendimento se comparado aos demais óleos e o mais importante é que ele não apresenta gorduras “Trans”, nem tampouco organismos geneticamente modificados.
Legislação
Em 2009, foi realizado um estudo encomendado pelo governo brasileiro e liderado pela Embrapa onde a palma foi apontada como importante alternativa para o desenvolvimento econômico, socioambiental e energético da região amazônica.
A conclusão deste trabalho levou à promulgação do Zoneamento Agroecológico (ZAE) da Palma em 2010, por meio do decreto 7.172. Partindo do mapeamento das áreas de floresta totalmente degradas (ano base 2007), o ZAE da Palma definiu a localização exata de todas as áreas em que se poderiam explorar a cultura da palma e de que forma o manejo deveria ser realizado. O total de áreas aptas ao cultivo é de 31,8 milhões de hectares, ficando proibido o cultivo da palma em 96,3% do território brasileiro.
O Brasil está estrategicamente posicionado para suprir o crescimento da demanda global de palma. A oferta de terras no país é suficiente para triplicar a atual produção global sem derrubar uma árvore nativa. Países do leste asiático produzem 88% da oferta mundial em 13 milhões de hectares cultivados.
Conflitos
A produção do óleo de palma no Pará está relacionada a conflitos de terra com indígenas e quilombolas. A Agropalma e Brasil BioFuels (BBF) são acusadas de avançar sobre áreas já demarcadas e ameaçar líderes comunitários. As suspeitas de irregularidades também estão associadas ao avanço sobre terras públicas no Pará.
Este texto foi atualizado em 30 de novembro de 2022
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