Por Sidney Alves
O Pará não é só açaí e cacau, muito menos minérios. Moradores do município de São Caetano de Odivelas, localizado na região nordeste do Pará, na microrregião do Salgado, começam a conquistar o mercado nacional por meio da criação de ostras. Eles fazem parte da Associação de Ostreicultores de Pereru de Fátima.
Segundo Jairo Pedro Viegas de Góes, de 47 anos, proprietário da empresa Ostras do Jairo, cerca de 22 famílias no município já vivem diretamente da criação e comércio de ostras.
“A produção atual é de 200 mil ostras por ano, desde o período das sementes (filhotes das ostras) até quando elas se tornam master. Damos toda a assistência para incentivar a criação das ostras no nosso município”, afirmou ele ao Pará Terra Boa, na sexta-feira, 18/03.
Um dos grandes incentivadores de todo esse processo foi o chef de cozinha Thiago Castanho.
“O Thiago soube da nossa produção em 2013, e se tornou um grande parceiro nosso. Ele trouxe grandes meios de comunicação para conhecer o nosso trabalho, como a Folha de São Paulo, a GNT, que fez duas reportagens conosco e uma delas foi com o ator e apresentador Rodrigo Hilbert”, contou.
Atualmente, a produção do Ostras do Jairo fornece o produto para restaurantes de Belém, Santa Izabel, Castanhal, Ananindeua, Marituba, além de São Caetano de Odivelas.
Elas poderão ser encontradas na Feira do Peixe Vivo, que ocorrerá no período de 11 a 12 de abril, no município de Castanhal.
Começo
O processo dessa comercialização de ostras de São Caetano de Odivelas foi gradativo. Em 2006, consultores do Sebrae foram para o município estudar alguns aspectos do Rio Pereru de Fátima, que é um dos braços do Rio Mojuim, que banha São Caetano de Odivelas.
“Eles vieram para cá e analisaram a temperatura, a salinidade, o PH da água, entre outros aspectos, para saber se haveria a possibilidade da criação de outros por aqui”, contou Jairo.
A partir daquele momento, foi formado um grupo de 10 pessoas para iniciar o experimento. As primeiras sementes de ostras vieram do município de Curuçá. Não foi fácil esse início, pois o comércio local era muito fechado para o produto.
“Eu comecei a fazer parte deste projeto do Sebrae em 2009 e, até 2012, eu não conseguia vender nenhuma ostra. A partir deste momento, nós passamos a contar com o apoio de consultores do Sebrae, que mostraram como poderíamos vender nossos produtos, ensinando algumas técnicas. A partir do começo de 2013, eu passei a vender as ostras em São Caetano e foi quando tudo passou a melhorar”.
De contato em contato, entre os consumidores das Ostras do Jairo, a informação chegou entre os apreciadores do produto em Belém.
Atualmente, as ostras do Jairo são apreciadas por consumidores que já ultrapassam as fronteiras nacionais, como clientes portugueses, chineses e franceses.
Processo de produção
Inicialmente, as sementes das ostras ficam nos chamados ‘travesseiros’, que são produzidos de forma artesanal com malhas específicas, para que elas possam se desenvolver. De acordo com Jairo, este é o processo de vida das ostras.
“No período de pré-semente, o tamanho delas varia entre 5 a 15 mm; classificamos como sementes quando chegam a medir 20 a 29 mm; juvenil de 30 a 59 mm. Depois ela já se torna ostra baby (60 a 79 mm) e já pode ser consumida. A ostra média varia de 80 a 100 mm. E a ostra master com 100 mm”, contou.