Pará realizou o primeiro transplante de fígado em hospital da rede pública estadual 100% pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Ana Gabriela Mesquita Alves, 42 anos, passou pelo procedimento no último dia 26 de fevereiro. O transplante foi viabilizado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Central Estadual de Transplantes (CET), e realizado na Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém. O anúncio foi feito na segunda-feira, 6, durante coletiva de imprensa.
“Hoje é um dia muito importante, pois estamos realizando o anúncio desse transplante inédito e bem sucedido. Esse é um serviço de relevância, que desde 2009 está sendo trabalhado para ser implantando aqui na Santa Casa. Fizemos um investimento na capacidade do Hospital, e essa é uma parceria do Programa ProadSus com o Hospital Albert Einstein, de São, Paulo, que capacitou os nossos profissionais, e hoje nós temos a satisfação de colocar mais esse serviço à disposição da população”, disse o secretário de Estado de Saúde Pública, Rômulo Rodovalho.
A logística para trazer o fígado doado até o cirurgião que operou Ana Gabriela durou mais de 10 horas, e começou na noite de sábado (25), quando a equipe da CET foi acionada para confirmar a viabilidade do órgão para a paciente de Belém. Depois da confirmação da compatibilidade, a equipe entrou em ação, considerando que é responsabilidade exclusiva deste setor da Sespa entregar o órgão nas mãos da equipe autorizada para realizar o transplante.
A biomédica Ierecê Miranda, especialista em Doação, Captação e Transplante de órgãos pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, que há quatro anos está à frente da Coordenação Estadual de Transplantes do Pará, informou que “a partir do aceite do órgão e da confirmação do horário da captação, a equipe da CET começou uma verdadeira corrida contra o tempo, pois diferente do rim que tem até 36 horas para ser implantado no receptor após a sua retirada do doador, o tempo do fígado é de apenas 12 horas”.
Nós recebemos o órgão dos pilotos da FAB na Base Aérea as 10h10 do dia 26/02/23, e o entregamos às 10h33 para a equipe de transplante no bloco cirúrgico da Santa Casa, local onde a receptora já se encontrava preparada para receber o órgão”, disse.
Hepatite autoimune
O fígado foi implantado na paciente, que tinha o diagnóstico de hepatite autoimune. Nos últimos cinco anos, Ana Gabriela desenvolveu cirrose hepática, doença incurável, e só um transplante poderia salvar sua vida. Ela estava inscrita na fila de transplante de fígado do Estado há três meses, e graças ao gesto solidário de um casal que autorizou a retirada dos órgãos da filha de 14 anos, que faleceu devido a um acidente vascular encefálico (AVE), agora Ana vai poder recuperar a saúde.
“Os primeiros dias depois do transplante na UTI foram difíceis, mas agora estou mais tranquila. Nasci de novo. Quero me restabelecer e seguir a minha vida, que foi interrompida. Me formei em Serviço Social, mas por conta da doença não pude trabalhar. Agora vou ter uma nova oportunidade de vida”, disse Ana Gabriela.
A paciente reforçou a importância da doação de órgãos.
“Foram muitos anos doente, dentro de hospitais e UTIs. Até fui para Fortaleza (CE) tentar o transplante, mas não consegui e voltei para Belém. Hoje, agradeço muito a toda equipe que tornou esse transplante possível, e à família da doadora. Uma parte daquela pessoa vai ficar viva dentro de mim. Por isso, é muito importante falar sobre doação de órgãos e conscientizar todos sobre o assunto, para a família autorizar e salvar outras vidas”, frisou Ana Gabriela.
Fonte: Agência Pará