Cupuaçu, taperebá, uxi, murici, tucumã, açaí com tapioca, bacuri e castanha são alguns dos tesouros que só podem ser encontrados na nossa terra boa. Na Páscoa, eles viram recheios de bombons e de ovos de chocolate e garantem experiências únicas, conquistando o público local e também o de fora do Pará.
Aliar essas delícias ao chocolate regional é a combinação perfeita, não apenas pelo sabor, mas pela certeza de estar impulsionando a economia local, – e no caso do cacau, ainda estar contribuindo para restauração florestal e recuperação de áreas degradadas.
O Ovo de Páscoa que o Paraense gostaria de ganhar 😂😂 pic.twitter.com/HjqzIu4ZyZ
— parauapebas.ordinario (@pebasordinario) April 17, 2022
O Pará é o maior produtor de cacau do país. São mais de 144 toneladas ao ano, o que corresponde a 52% da produção nacional, segundo o Ministério da Agricultura. Matéria-prima do chocolate, o fruto é uma das principais apostas do estado para o fortalecimento de sua bioeconomia e para a implementação de uma política ambiental voltada para o desenvolvimento socioeconômico aliado à redução da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Marcas como a Ascurra Chocolate, precursora do cacau fino em Medicilândia, estão produzindo ovos de páscoa com chocolate de origem. Ao valorizar o cacau regional, a Ascurra já ganhou diversos prêmios como o Melhor Cacau do Brasil 2021 na categoria blend, resultado de uma mistura genética com mais de 15 variedades, todas aleatoriamente misturadas na lavoura.
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“Quando vimos que tínhamos a capacidade de produzir cacau fino de alta qualidade, além de vendermos esse cacau para clientes de todo Brasil, também decidimos iniciar nossa própria marca de chocolate Tree to Bar, que quer dizer da amêndoa à barra. A fábrica fica dentro da fazenda do cacau e todo processo é feito aqui, desde a lavoura até a fabricação do chocolate. O cacau fino demanda um protocolo especial para seu preparo. Isso começa na colheita e só termina quando esse cacau chega com a qualidade ideal no cliente final”, explicou Robson Brogni, administrador do Sítio Ascurra.
Outro exemplo é a empresa Filha do Combu, que produz cacau e chocolate, oferecendo uma infinidade de sabores de ovos nesta Páscoa, como o carimbó, com chocolate 70%, recheado com doce de cupuaçu, massa de brigadeiro da floresta e nibs de cacau. Pode ser mais paraense?
A produção começou em 2006 por iniciativa de Izete Costa, a Dona Nena, a partir de cacaueiros que cresciam de forma endêmica no quintal de sua casa, na Ilha do Combu. Após comercializar o produto para empresas de chocolate, Dona Nena passou a beneficiar o cacau e, hoje, a sua produção de chocolate e de brigadeiros gira em torno de 30 a 50kg por mês.
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“Nós acreditamos que o cacau contribui bastante para o desenvolvimento da bioeconomia no Pará, principalmente a partir do momento em que ele é verticalizado aqui mesmo na Amazônia. O trabalho que a gente desenvolve no Combu, chegando ao chocolate fino, é mais importante do que somente ter o cacau. Chegar ao produto final e transformar Belém num destino regional e nacional dos chocolates é a forma que a gente entende que o cacau contribui para a bioeconomia, quando ele consegue gerar riqueza aqui, atraindo turistas para cá”, afirmou Mário Carvalho, gerente da Filha do Combu, à Agência Pará.
E não dá pra falar de páscoa paraense sem falar das bombonzeiras, que já se tornaram parte da tradição do estado. A receita que leva chocolate, doce de leite e doce de frutas regionais, conta um pouco da história de vida de cada uma delas.
Em Belém, Hihomi Yeun trabalha com bombons com recheios regionais, ovos de Páscoa e biscoitos desde 2017, quando ela deixou o emprego no setor administrativo e resolveu empreender.
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‘’Utilizamos polpas de frutas regionais como cupuaçu, açaí, bacuri, pupunha e a castanha-do-pará. Esses sabores amazônicos são fundamentais para o nosso negócio pois compõem a base dos recheios dos nossos bombons e biscoitos.’’
Hihomi explica que o diferencial da sua marca é fazer algumas combinações entre esses sabores.
‘’O nosso bombom marajoara tem recheio de açaí com tapioca. Já o paraense é de doce de cupuaçu com castanha triturada. E quanto aos biscoitos, temos o de castanha e o amanteigado recheado com doce de cupuaçu, que chamamos de casadinho de cupuaçu.’’
Já Liamara Viana trabalha desde 2000 com biscoitos e bombons da Amazônia na capital paraense. No momento, ela está no período de estoque de castanha e de cupuaçu para não correr o risco de ficar sem o produto ou comprar mais caro quando estiver fora da safra.
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Ela conta que embora não trabalhe com ovos de Páscoa, a busca por bombons cresce neste período, sendo o de cupuaçu o preferido de seus clientes.
“Sentir o doce da fruta, seu leve azedo, tudo de uma forma equilibrada é uma sensação incrível.”