Preocupação e determinação. Duas palavras que acompanharam sempre a trajetória da cientista paraense Lina Bufalino, preocupação com meio ambiente e determinação em desenvolver soluções para protegê-lo.
Na ciência, a pesquisadora encontrou as ferramentas que precisava para transformar a sua realidade. Um bom exemplo disso é o projeto liderado por Lina e outros pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), que utiliza tecnologias avançadas para desenvolver um biomaterial feito de resíduo do açaí para ser utilizada em várias áreas da indústria, como a de higiene, alimentícia e de cosméticos. O assunto foi divulgado na quarta-feira, 9/03, pela instituição.
Essa iniciativa é apoiada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), instituição que visa o fomento da pesquisa e inovação no Estado e comprometida com o aumento da participação feminina no âmbito científico, e executado pela Fundação de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Sustentável Guamá — Fundação Guamá.
“Queremos contribuir com a efetiva sustentabilidade da cadeia produtiva do açaí, visto que o resíduo do despolpamento é o seu ponto fraco. Atualmente, cerca de 70% do fruto processado se torna resíduo, tão conhecido por causar vários problemas de poluição nas cidades da Amazônia e ser um transtorno para os comerciantes locais de açaí. Por isso, nós queremos que além da polpa, outras partes sejam aproveitadas. Além disso, acreditamos no desenvolvimento de biomateriais sustentáveis de alto valor agregado a partir das fibras do resíduo do açaí, como sendo produtos extremamente atrativos, e queremos divulgar tal potencial para a comunidade acadêmica (inter)nacional.”, afirma Lina Bufalino.
Para que o biomaterial seja produzido, o resíduo do açaí passa por uma série de tratamentos com substâncias químicas, causando a separação das fibras de celulose do restante do material. Essas fibras são utilizadas como base do produto, pois apresentam alta capacidade de resistência, coesão entre as moléculas e baixa permeabilidade de gases e gorduras.
Depois desse processo, para garantir que as embalagens sejam livres de substâncias tóxicas, como o bisfenol liberado pelo plástico convencional, elas passam por um tratamento com óleos naturais para evitar o acúmulo de bactérias e atraiam insetos.
“Espero muito mostrar que as pesquisas de bioprodutos merecem investimento e consideração da população, pois podem solucionar problemas como o do resíduo do açaí e propor formas de desenvolver a região, conforme princípios de economia verde.”, afirma a pesquisadora.
Fonte: Fapespa, Lorena Coelho