O Pará é hoje um importante polo da produção pecuária nacional com um rebanho total de mais de 26 milhões de cabeças, com destaque para o município de São Félix do Xingu, onde há mais de 2 milhões de animais, o maior do país. O avanço desse setor na região se deu com degradação e abertura de áreas para pastagem, porém novas formas de manejo estão transformando a pecuária em uma atividade mais produtiva e sustentável.
Práticas como recuperação do pasto, pastejo rotacionado e preservação de áreas de floresta fazem parte da receita adotada pelo produtor rural Osvaldo Wagner, cuja propriedade é uma das Unidades de Referência Tecnológica do Programa Territórios Sustentáveis, do Governo do Pará.
No local, a Embrapa e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) aplicam, demonstram e disseminam conhecimento sobre estratégias que garantem benefícios econômicos e ambientais para os produtores.
“São práticas simples nas quais o produtor acerta a fertilidade do solo, planta o capim mais adequado e faz o manejo da entrada e saída de animais no pastejo rotacionado”, explica Bruno de Maria, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa no Pará.
A principal vitrine desse trabalho está atualmente na propriedade de Wagner, que está há 36 anos no município, Ele conta que trabalhava no modelo de pecuária extensiva e sem manejo, que a longo prazo acabou degradando o solo e levando a queda na produtividade. Há três décadas, a fazenda tinha lotação de 10 a 15 animais por alqueire (cerca de 27 mil m²), porém essa lotação caiu para em torno de cinco animais por alqueire.
Ao invés de abrir novos pastos, o que iria aumentar a degradação, o produtor passou a receber todo o suporte de assistência técnica e tecnológica para implementar a pecuária intensiva e se tornou uma referência no tema no sudeste paraense.
“O conhecimento mudou tudo. Conseguimos recuperar o pasto que estava quase degradado, aumentar a lotação para 16 animais por alqueire (em torno de três animais por hectare) e o gado ganha mais peso quando comparado ao pasto sem adubação”, afirma o pecuarista.
Apoio por práticas sustentáveis
Por meio do programa Territórios Sustentáveis, produtores rurais de São Félix do Xingu, Tucumã, Ourilândia do Norte e Água Azul do Norte estão recebendo apoio para implementar práticas voltadas ao desenvolvimento sustentável. As Unidades de Referências Tecnológicas implementadas pela Embrapa apresentam projetos nas áreas de manejo e conservação dos solos, recuperação de pastagens, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistemas agroflorestais e recuperação florestal.
Além disso, com a adoção dessas tecnologias, os empreendimentos da região podem ser habilitados a ingressar no Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais. A ideia é que os produtores recebam uma remuneração pelos serviços prestados na recuperação e proteção de áreas de preservação permanente, por exemplo, um incentivo a mais para manter a floresta em pé. Esse é o caso de Osvaldo Wagner que recentemente foi um dos primeiros produtores da região a ser cadastrado no programa,
“A presença da Emater e mais recentemente da Embrapa aqui na propriedade foi muito importante para essa mudança. A gente primeiro tem que buscar o conhecimento e depois tem que ter coragem de colocar em prática”, afirmou.