A agricultura familiar é responsável por uma gama diversa de produtos que faz parte da alimentação das populações amazônidas, gera renda e ajuda a proteger a biodiversidade. Apesar da importância desse segmento, principalmente no contexto em que se busca a expansão da bioeconomia, os agricultores familiares ainda enfrentam dificuldades para acessar novos mercados. No município de Barcarena, na região metropolitana de Belém, o projeto Tipitix oferece novas perspectivas para o desenvolvimento desses negócios em comunidades rurais.
A iniciativa é realizada pelo Fundo de Sustentabilidade Hydro e Fundação Mitsui Bussan do Brasil, com execução do Instituto Peabiru, uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) que há mais de 20 anos atua pelo fomento ao protagonismo e a garantia de direitos dos grupos sociais da Amazônia.
Com esse propósito em mente, em uma das ações foi observado que a produção de alimentos como mandioca, macaxeira, açaí, cacau e outros já tinha um papel importante na dinâmica das comunidades, porém grande parte era direcionada para consumo próprio ou vendida no comércio local. A partir de 2021, o projeto que é caracterizado como uma iniciativa de empreendedorismo agroalimentar comunitário surgiu como uma oportunidade para fortalecer essa atividade e a autonomia dos agricultores.
Entre eles está Sandra Malcher, de 51 anos, que já mantinha uma pequena roça onde cultivava mandioca e uma produção artesanal de maniva pré-cozida. A participação no Tipitix permitiu não apenas que Sandra desenvolvesse sua embalagem e marca – a Maniva Guajará –, como conquistasse o selo de inspeção sanitária, que atesta a qualidade e a possibilidade de comercialização em redes de varejo e até para fora do estado.
“Foi uma ajuda e tanto. Eu pude adquirir minha embalagem, já recebemos demanda de outros estados, como Santa Catarina, pude comprar a minha seladora e, assim, posso pesar, selar e congelar aqui mesmo. Para o futuro, eu penso em poder ter uma minifábrica e envolver outras pessoas”, conta Sandra, que mantém a produção com a maniva da própria roça e a adquirida de outras três famílias da comunidade Guajará da Serraria.
O desenvolvimento desses negócios ocorre porque o projeto oferece oficinas e capacitações, ajuda no estabelecimento de canais de venda e no fortalecimento das cadeias produtivas, além de contar com uma unidade de beneficiamento que atende a demanda de diferentes produtos. Atualmente, são 43 empreendimentos agroalimentares de 21 comunidades atendidas e mais de 30 produtos lançados.
“As comunidades tradicionais de Barcarena tinham uma presença limitada em produtos beneficiados localmente. Contudo, graças ao Tipitix, observamos um significativo avanço na autonomia da cidade, marcando o início da construção de uma base sólida através da produção de itens locais. Este empreendimento não apenas fortalece a economia local, mas também eleva o protagonismo das comunidades tradicionais, impulsionando um ciclo positivo de desenvolvimento sustentável”, explica a gerente do projeto, Renata Ataíde.
Aproveitando a diversidade produtiva e a criatividade dos empreendedores, o projeto montou um portfólio rico que inclui farinhas, doces, geleias, castanhas, chocolates, pães, sorvete, pimentas, condimentos e outros alimentos que evidenciam a importância de práticas econômicas baseadas na aliança com a natureza.
Renata Ataíde diz que os resultados até então são positivos e que agora a meta é reforçar a promoção da autonomia de gestão com a participação direta da comunidade, além de alcançar a autossuficiência financeira do projeto.
“O objetivo é consolidar um grupo gestor composto por diversas lideranças comunitárias, capaz de dar continuidade às atividades de maneira independente e sustentável após o encerramento do projeto. Essa abordagem não apenas fortalece a capacidade gerencial dos envolvidos, mas também assegura a continuidade do impacto positivo do Tipitix na comunidade de Barcarena”, ressalta a gerente.
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Por Fabrício Queiroz