Das 10 terras indígenas mais pressionadas pelo desmatamento no primeiro trimestre deste ano, cinco estão localizadas em Roraima. Em pesquisas anteriores, era o Pará o Estado que mais tinha territórios indígenas nesse ranking. O levantamento integra o estudo “Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas”, publicado trimestralmente pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e divulgado nesta quarta-feira, 18/05.
Só que, se levarmos em conta todos os tipos de áreas protegidas na Amazônia, e não apenas as terras indígenas, é o nosso Pará o Estado com o maior número de territórios entre os mais pressionados no trimestre. Cenário que segue o que foi observado em estudos de períodos anteriores.
Apenas neste último levantamento, entre janeiro e março, o Pará teve cinco das 10 áreas protegidas mais pressionadas na Amazônia. Em primeiro e segundo lugar estão as Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Triunfo do Xingu e do Tapajós, que já figuravam no ranking no mesmo período do ano passado. Enquanto a Triunfo do Xingu manteve a primeira posição, a do Tapajós piorou sua situação. Essa APA passou da quinta colocação em 2021 para a segunda em 2022.
É em solo roraimense e amazonense que fica a segunda terra indígena mais pressionada pela derrubada da floresta no trimestre, a Waimiri Atroari. Esse território também foi o sexto mais pressionado entre todas as classes de áreas protegidas do bioma. Lá, vivem indígenas do povo Waimiri Atroari e os isolados Cabeceira do Rio Camanaú.
As outras quatro terras indígenas localizadas em Roraima que figuraram no ranking das 10 mais pressionadas no trimestre são: Manoá/Pium, Moskow, Raposa Serra do Sol e São Marcos. Juntas, elas abrigam cinco povos diferentes: Ingarikó, Macuxi, Patamona, Taurepang e Wapichana.
Terras indígenas mais pressionadas:
TI Cachoeira Seca do Iriri (PA)
TI Waimiri Atroari (AM/RR)
TI Apyterewa (PA)
TI Alto Rio Negro (AM)
TI Karipuna (RO)
TI Manoá/Pium (RR)
TI Médio Rio Negro I (AM)
TI Moskow (RR)
TI Raposa Serra do Sol (RR)
TI São Marcos (RR)
Povo Arara
O povo Arara da Terra Indígena Cachoeira Seca tem um histórico de luta e resistência bastante emblemático. Impactados pela construção da Rodovia Transamazônica e pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte, o grupo que se estabeleceu no final dos anos de 1980 na aldeia Iriri, à margem direita do rio de mesmo, vive em condições das mais preocupantes dentre as situações de vulnerabilidade de terras indígenas brasileiras.
Para que se tenha uma ideia da devastação do território dos Arara, em 2018, foram desmatados 54,2 Km², seguidos por 61,3Km², em 2019, e 72,4 Km², em 2020. Ainda segundo o Inpe, entre 2008 e 2020, a TI Cachoeira Seca perdeu um total de 367,9 Km² de floresta. Devastação que corresponde a uma área maior que a cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais (331,3 Km²).
A regularização fundiária da Terra Indígena Cachoeira Seca foi uma das principais condicionantes para a construção da usina de Belo Monte, orientada por meio de parecer técnico pela Funai, que considerou o grupo vulnerável.
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Fonte: Imazon