Aliando tradição, aprendizado e inovação, a produção diversa e sustentável da família Suzuki, no município de Tomé-Açu, dá o exemplo de como garantir o fortalecimento da agricultura sem abrir mão da importância da floresta. Na área de cerca de 400 hectares, três gerações convivem, aprendem e repassam conhecimentos uns aos outros para manter de pé um modelo de desenvolvimento com benefícios econômicos, ambientais e sociais para a Amazônia.
Esse modelo é baseado nos sistemas agroflorestais (SAF) em que são cultivados dendê, pimenta, cacau, açaí, ipê, andiroba e outras espécies nativas, além da criação de abelhas sem ferrão que ajudam na polinização das plantas e na produção de mel. O resultado é uma produção variada, com diferentes opções de geração de renda a curto, médio e longo prazos e que ajuda a proteger a biodiversidade da região.
Outra vantagem é que o SAF-Dendê, sistema em que a extração do óleo da palma é a principal atividade, se mostra mais rentável. A produtividade pode chegar a 180 kg de cachos de fruto por planta contra 139 kg do monocultivo. Além disso, em média, o teor de óleo chega a 24,7%, enquanto que a literatura científica aponta que o rendimento de óleo dos cachos varia de 18% a 22%.
A missão de tocar o negócio familiar no futuro será da engenheira florestal Patrícia Mie Suzuki, de 27 anos, que trabalha ao lado do pai e do avô, Ernesto e Koji Suzuki. Ela viu de perto o processo de introdução e consolidação dos SAFs nas últimas duas décadas e comprova os impactos positivos que o sistema trouxe.
“A gente consegue observar essa camada mais superficial (do solo), a camada que tem mais matéria orgânica. Essa superfície é extremamente importante para o desenvolvimento das plantas. Quando iniciou o sistema, foi feita a análise do solo e a camada superficial era de apenas 5 cm, só que agora já aumentou para 34 cm. É um sistema que está transformando esse solo de uma forma muito positiva”, comentou a engenheira.

A organização do SAF-Dendê também é uma forma de amenizar o calor extremo em períodos secos e proteger o solo para que mantenha a matéria orgânica e os nutrientes necessários para o crescimento das plantas. Outro ponto positivo é que as agroflorestas também favorecem a biodiversidade, atraindo pássaros, polinizadores e outros animais tornando o sistema um corredor ecológico.
Patricia Suzuki participa da campanha Mãos da Transição que visa inspirar os jovens agricultores com menos de 30 anos a adotar práticas sustentáveis na produção de alimentos. Pensando em promover estratégias que melhorem o solo, aumentam a produtividade, agreguem valor e tornem o campo mais resiliente às mudanças do clima, o projeto divulga ações com SAF, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), recuperação de pastagens, plantio direto, entre outras.
“É algo apaixonante porque é algo em que a gente está aliando o alimentar, o trazer a comida à mesa das pessoas, com a natureza que é o essencial porque nos fornece todos os serviços ambientais”, ressalta
Para conhecer essa e outras soluções que mostram que é possível dar continuidade aos negócios familiares e inovar com tecnologias e práticas que respondem aos desafios do século 21, confira outras histórias e ideias no site do projeto Mãos da Transição.