Por Fabrício Queiroz
A realização da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, em 2025, tem fortalecido as discussões sobre a temática socioambiental. Um marco nesse sentido ocorreu há um ano com a realização da 1ª COP das Baixadas, que chega agora à sua segunda edição. O evento será realizado nos dias 15 e 16 de março de forma online e, presencialmente, em 17 de março, na ilha de Caratateua, em Belém
A COP das Baixadas surgiu em 2023 com o objetivo de fortalecer o protagonismo da juventude periférica da região no debate da crise climática, trazendo à tona tanto as preocupações globais sobre o tema quanto ao impacto das realidades locais afetadas pelos fenômenos atuais.
O termo “baixadas”, utilizado para tratar das áreas mais baixas da cidade, próximas ao rio ou aos canais, exemplifica essa proposta nascida em um bairro com esse perfil – o Jurunas – e agora chega à Escola Bosque, em Outeiro, uma das principais ilhas da capital.
O tema central desta segunda edição gira em torno do Acordo de Escazú, que aborda aspectos relacionados ao acesso à informação e à justiça dos defensores do meio ambiente, além da participação pública no debate. O Tratado foi elaborado no contexto da América Latina e Caribe, mas ainda não foi ratificado pelo Congresso Nacional brasileiro.
“A gente vai ter participação popular e democracia, a gente vai ter acesso à informação e a defesa dos defensores, lembrando dos constantes ataques aos defensores do meio ambiente dos territórios periféricos e com o Pará sendo um dos estados com maior índice de violência. A juventude é importante nessa perspectiva de um processo de renovação política”, destaca Carlos Gouvêa, membro da equipe executiva da COP das Baixadas e coordenador do movimento Seja Democracia.
Durante a programação, serão realizadas ações de educação climática, atividades culturais, de lazer e esporte visando o fortalecimento das narrativas em defesa da Amazônia, de justiça climática e social para os territórios e a população.
“Nós atravessamos a cidade, saindo do Jurunas e estamos agora na ilha de Caratateua para que isso aconteça territorialmente, potencializando outros atores e outros territórios para que debatam a crise climática e os eixos do Acordo de Escazú”, ressalta.
De acordo com Carlos, apesar da programação ser recente, é possível notar um amadurecimento do trabalho que tem engajado mais movimentos interessados na construção de políticas públicas para o combate às mudanças climáticas. O número de organizações envolvidas, por exemplo, passou de uma para 15, contando com representação de todos os estados da Amazônia e até de fora da região.
“Existe um cenário de mobilização e de olhada para a Amazônia a partir dos territórios periféricos. Talvez sejamos a única organização hoje, numa perspectiva de coalizão, a pautar as periferias amazônidas no centro do debate climático. A nossa expectativa é ter uma participação de mais de 700 pessoas, mas a gente tem uma avaliação que vai passar de mil [participantes]”, pontua Carlos Gouvêa.
Para acompanhar os detalhes da programação da COP das Baixadas e saber como participar, confira o perfil.