A pior seca da história recente do Brasil e as queimadas devem ter reflexos na economia, de acordo com especialistas Entre os principais pontos, estão o encarecimento dos alimentos por conta da queda na produção agrícola e problemas no transporte das mercadorias, além do aumento da conta de energia elétrica em virtude da seca nas usinas hidrelétricas e o acionamento das termelétricas.
“O Brasil é um país agrícola, boa parte da oferta dos alimentos de cesta básica depende de condições climáticas regulares, exatamente para não haver redução de oferta e com isso um aumento de preços”, disse André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) à CNN Brasil.
Laranja e banana, frutas populares entre os brasileiros, além do café devem ficar mais caras, segundo a Conab. De acordo com o Uol, haverá impacto também no preço do açúcar, carnes, leites e derivados.
A seca também preocupa distribuidoras e transportadoras de mercadorias. Como o Jornal da Band mostrou, muitos caminhões aguardam horas ou mesmo dias na estrada por causa de incêndios e fumaça no Centro-Oeste e no interior de São Paulo. Já na região Norte, a baixa dos rios dificulta a movimentação das balsas e atravanca o transporte de produtos eletrônicos da Zona Franca de Manaus.
Outro problema a ser enfrentado pelo brasileiro é a conta de luz. Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) elevou a bandeira tarifária para “vermelha patamar 1”, a 2ª mais cara do sistema.
São os efeitos das mudanças climáticas, causadas pelo homem, e seu impacto direto na vida dos brasileiros. O Fantástico, da Rede Globo, no último domingo, 9, mostrou de forma bem clara o conjunto de fatores que fizeram com que a temporada de seca tenha começado mais cedo neste ano e tende a se prolongar por mais tempo. A começar pelo aquecimento global.
De acordo com o climatologista Carlos Nobre, o planeta atingiu a temperatura mais alta desde o último período interglacial, 120 mil anos atrás.
“Isso faz todos os eventos extremos explodirem. As ondas de calor, as secas, as chuvas superintensivas e, até mesmo globalmente, recordes de incêndios florestais”, diz Nobre.
Soma-se a isso o crime ambiental. De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, com a redução do desmatamento, as pessoas perceberam que o fogo se espalha na floresta mesmo com as árvores de pé.
“Isso significa que a floresta, em função da mudança do clima, perdeu umidade e agora eles estão fazendo essa aliança perversa. Bota fogo, depois derruba e tenta se apropriar dessas áreas por processos de regularização fundiária”.
De acordo com ela, “o fogo está sendo o novo desmatamento”. “Então, tem que cercear qualquer forma de regularização que esteja associada à apropriação criminosa dessas áreas, até porque é terra pública”, disse