Uma pesquisa lançada às vésperas do Dia Mundial da Água, comemorado nesta quarta, 22, apontou que 81% dos brasileiros estão muito preocupados com a escassez de água potável, percentual bem acima da média mundial, que é de 58%. A preocupação tem motivo: apenas 15% dos entrevistados no Brasil declaram não serem afetados pela falta de água potável e 40% informaram já terem sido prejudicados por secas.
Realizado pela GlobeScan, Radar Survey, em parceria com Circle of Blue e o WWF, o levantamento mostrou que um percentual ainda maior está muito preocupado com a poluição dos rios, chegando a 84% (contra uma média global de 62%). Enquanto apenas 5% disseram não serem afetados pelas mudanças do clima, 68% dos entrevistados disseram ter sido afetados pela alta do preço dos alimentos causada pelo clima.
“Na Amazônia está a maior parte da água doce do país e, ao mesmo tempo, os menores percentuais de acesso a serviços de água potável e esgoto. O crescente desmatamento coloca em risco o regime de chuvas que abastece lençóis freáticos no centro sul do país. No Cerrado, onde nascem oito das doze principais bacias hidrográficas do país, metade das áreas naturais já foram convertidas em lavoura ou pasto. Em todo o Brasil, vemos a superfície de água dos rios diminuindo. Ou seja, já temos evidências suficientes de que o país está a caminho da insegurança hídrica”, afirmou Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil.
A pesquisa mostra que a preocupação com a escassez de água potável cresceu nos últimos anos em todo o mundo, passando de 49% em 2014 para 61% em 2022 entre os 17 países rastreados de forma consistente.
Aumentou também a preocupação global com as mudanças climáticas (45% em 2014 para 65% em 2022). A mudança climática está fortemente ligada à escassez de água: no total da amostra, de cada dez pessoas que se declararam pessoalmente afetadas pelas mudanças climáticas, quase quatro disseram que experimentaram a seca.
Conclusões da pesquisa
Os principais pontos da pesquisa revelam que:
- 58% das pessoas em todo o mundo acreditam que a escassez de água doce é um problema “muito sério”. Mexicanos, colombianos e brasileiros relatam a maior preocupação com o acesso à água, enquanto as pessoas na China, Hong Kong, Japão e Coréia do Sul são as menos propensas a dizer que a escassez de água potável é um problema “muito sério”.
- As pessoas na Argentina, Coréia do Sul, Vietnã, Colômbia, Alemanha e Peru relatam os maiores aumentos de preocupação com a escassez de água no ano passado.
- 30% das pessoas em todo o mundo afirmam que são “grandemente” afetadas pessoalmente pela escassez de água potável, enquanto a maioria global se sente pelo menos ou moderadamente afetada pessoalmente (56%). Apenas um quarto (25%) diz que não é afetado.
- A maioria das pessoas pesquisadas na Colômbia, Itália, México, Peru e Turquia dizem que são muito afetadas pessoalmente pela falta de água potável. Em contraste, menos de um em cada dez diz que foi muito afetado na Alemanha, Japão e Holanda.
- Globalmente, as pessoas em áreas urbanas (32%) são mais propensas do que aquelas em áreas rurais (28%) ou cidades e áreas suburbanas (26%) a se sentirem muito afetadas pela falta de água potável.
- Até 38% das pessoas dizem que foram “muito” pessoalmente afetadas pelas mudanças climáticas, enquanto até 75% foram pelo menos “moderadamente” afetadas.
- As pessoas que dizem ter sido pessoalmente afetadas pelas mudanças climáticas geralmente mencionam a seca como uma das formas pelas quais foram impactadas; 37 por cento das pessoas que vivenciam a mudança climática afirmam pessoalmente que isso ocorre devido à seca.
“A água não vem de uma torneira, ela vem da natureza. Mas com a perda da natureza e o aumento da instabilidade climática, a escassez de água só piorará, impactando sociedades e economias em todo o mundo. No entanto, por meio da colaboração, restaurando pântanos, reconectando rios e reabastecendo aquíferos, provamos maneiras de enfrentar esses desafios compartilhados de água. É hora de investir urgentemente nessas soluções”, analisou Alexis Morgan, líder global de gerenciamento de água do WWF.
Fonte: WWF Brasil