Em sua primeira entrevista no cargo de negociador-chefe do Brasil em questões ambientais, o embaixador André Aranha Corrêa do Lago afirmou que a Amazônia não pode ser limitada apenas à sua relevância para a biodiversidade e as mudanças climáticas, pois“qualquer que seja a definição de bioeconomia que se faça, a Amazônia terá um papel muito importante.”
O secretário de clima, energia e meio ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE) destacou ao Valor a importância de estabelecer uma linha de ação conjunta entre os países amazônicos durante a Cúpula da Amazônia, que reunirá os governos da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), em agosto, em Belém. Ele enfatiza que sem uma liderança regional forte, não será possível alcançar uma liderança global efetiva.
A Cúpula da Amazônia tem como objetivo promover a cooperação entre os países da região, impedir que o desmatamento e os crimes ambientais ultrapassem as fronteiras, estabelecer uma liderança regional sobre a floresta e destacar a importância da Amazônia no contexto atual.
Uma reunião em Letícia, n Colômbia, em julho, segundo ele, começará a discutir a declaração da Cúpula da Amazônia. “O Brasil está propondo um texto elaborado a partir de consultas com todos os órgãos do governo brasileiro e em base ao seminário que fizemos em maio, ouvindo a sociedade civil”, disse.
De acordo com Correa Dias, é preciso assegurar que os principais desafios da Amazônia sejam tratados levando em consideração os vizinhos.
“Há consequências: se combate muito bem o tráfico em um país, a coisa pode ir para outro. Isso pode acontecer com desmatamento, com o crime organizado. Quanto melhor criarmos estruturas de comunicação entre autoridades e especialistas de cada país, mais as decisões serão efetivas”.
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