Os moradores da Floresta Nacional (Flona) do Tapajós, no oeste do Pará, vislumbram hoje novas alternativas para a geração de renda com produtos madeireiros. Ao invés da derrubada da floresta, os comunitários desenvolvem um projeto de manejo florestal sustentável, em que a retirada de árvores ocorre de forma racional gerando madeira certificada e produtos com maior valor agregado. As informações são da DW Brasil.
Criada em 1974, a Flona foi pioneira ao permitir que os trabalhadores locais pudessem extrair madeira de forma legal e responsável. No total, são cerca de 300 associados da Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (Coomflora) envolvidos no trabalho.
A exploração segue as orientações do plano de manejo, que recebeu apoio do Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW). Os recursos custearam, por exemplo, o treinamento da mão de obra para o corte preciso das árvores mapeadas e a orientação para abertura de estradas temporárias que causem menor impacto possível.
“É um trabalho muito bem planejado, não é de devastação. A madeira é retirada de forma sustentável para beneficiar as famílias que vivem na floresta”, diz a moradora da Flona e auxiliar de movelaria Valéria dos Santos Cardoso.
Ao longo dos anos, a iniciativa chamou a atenção de outros parceiros, como o Fundo Amazônia, que tem a Alemanha e a Noruega como principais doadores. O dinheiro é liberado quando o Brasil consegue reduzir a taxa anual de desmatamento e serve para apoiar projetos nas áreas de prevenção, monitoramento e combate à destruição da floresta que impulsionam a preservação e uso sustentável.
Entre eles, está o trabalho da Coomflora, que construiu um galpão para produzir móveis com a madeira retirada da Flona. São armários, bancos, portas, janelas e outros itens com matéria-prima de origem certificada e que conquistam mercados exigentes, sobretudo no exterior.
“Isso não é bom apenas para as pessoas que vivem aqui, que têm uma renda a partir disso e uma perspectiva, mas para todo o mundo. Quando a floresta que funciona como um ar condicionado do planeta é protegida, todos nós ganhamos”, declarou a ministra alemã do Desenvolvimento, Svenja Schulze, que visitou a região na última semana ao lado da ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
A ministra norueguesa de Desenvolvimento Internacional, Anne Tvinnereim, também acompanhou o grupo e destacou o papel do Fundo Amazônia e da cooperação internacional no apoio ao desenvolvimento sustentável da Amazônia. Até o momento, o Fundo já recebeu R$ 3,8 bilhões em doações e desembolsou R$ 1,5 bilhão. Além disso, o Brasil recebeu cerca de R$ 4,5 bilhões neste ano de parceiros internacionais para investimentos em projetos sustentáveis.
“Esta visita é uma celebração do retorno do Fundo Amazônia e, sobretudo, dos resultados. Agora vemos que, com paciência, obtemos resultados muito importantes para o povo que vive aqui e para o mundo inteiro”, afirmou Anne Tvinnereim.