A hidrelétrica de Belo Monte tem um projeto polêmico de erguer uma série de muros gigantescos dentro do leito do rio amazônico, no Pará. A ideia é formar uma cascata de lagoas artificiais abaixo da usina e, assim, aumentar o volume de água desviada por suas barragens.
As informações são do Estadão, que teve acesso a um projeto que a concessionária Norte Energia, dona de Belo Monte, encaminhou ao Ibama, em março passado. A ideia, segundo a empresa, é minimizar a situação crítica que a usina impôs à vida no rio e aos seus milhares de habitantes desde 2015, quando fechou seu reservatório no trecho conhecido como Volta Grande do Xingu.
Análise do Ibama apontou uma série de consequências negativas do projeto, como a dificuldade de navegação em determinadas áreas, além do “impacto visual” das estruturas.
“Embora a Norte Energia tenha um entendimento distinto, acredita-se que ocorrerá sim impactos sobre algumas rotas de navegação, especialmente rotas secundárias”, apontou o parecer técnico dos analistas ambientais. Os especialistas alertam ainda sobre “impactos temporários e permanentes sobre a qualidade das águas superficiais”, envolvendo o período das obras e, depois, a contenção de maior volume de água nestas áreas.
Apesar das recomendação técnica de que a obra “não seja autorizada por este instituto, considerando os impactos negativos resultantes da instalação dessas estruturas”, segundo Estadão, a diretoria do Ibama decidiu dar andamento ao processo no fim do ano passado, para que a Norte Energia detalhasse as informações e se posicionasse sobre os impactos apontados pelos agentes ambientais.
De acordo com o G1, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação na Justiça contra o projeto, destacando os impactos que o empreendimento pode causar na Volta Grande do Xingu, onde está instalada a hidrelétrica desde 2016. O órgão também vem pedindo a suspensão de licenciamentos ambientais na região.
A procuradora da República Thais Santi Cardoso da Silva, por sua vez, entendeu como “necessária a avaliação técnica independente de informações da Norte Energia”, que já apresentou estudos para a instalação de estruturas hidráulicas dentro do rio.