Um estudo desenvolvido por pesquisadores da NASA apresenta uma série de projeções sobre os efeitos da elevação das temperaturas nas diversas regiões do mundo. Os cientistas trabalharam com uma conjuntura de aumento de 2º C acima dos níveis pré-industriais e mostraram que, caso esse cenário se confirme, a Amazônia pode sofrer com maior incidência de incêndios florestais, com as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil estariam entre as mais afetadas.
A pesquisa, publicada na revista Earth’s Future, se baseou em informações sobre mudanças na temperatura do ar, precipitação, umidade relativa, radiação solar de ondas curtas e longas e velocidade do vento. Os dados foram sistematizados em previsões geradas por 35 dos principais modelos climáticos do mundo, incluindo o CMIP (Projeto de Intercomparação de Modelos Acoplados).
O estudo revela que a elevação da temperatura acima de 2º C intensificaria um cenário de estresse térmico, que é quando há combinação de condições favoráveis à propagação de incêndios com efeitos sobre a temperatura e a umidade no corpo humano.
O avanço do desmatamento só piora a situação, uma vez que a cobertura florestal, principalmente na Amazônia, tende “a produzir” chuva, por meio de um processo chamado de evapotranspiração. Ou seja, menos árvores significam menos vapor d’água sendo liberado na atmosfera, o que diminui a umidade disponível para a formação de nuvens e chuva.
De acordo com o estudo, os países mais próximos da Linha do Equador, que atravessa diversas áreas da Pan-Amazônia, podem ter dias com clima extremo e maior risco de disseminação de fogo. Além disso, as projeções indicam que mais de quarto da população pode ter um mês a mais de estresse térmico.
“Os impactos crescentes de todos os extremos climáticos estudados podem causar danos significativos às comunidades e economias, devido a incêndios, inundações, deslizamentos de terra e quebras de safras”, alerta o pesquisador Ramakrishna Nemani.
A expectativa é que as informações científicas possam embasar a tomada de decisões sobre a importância de medidas preventivas e mitigadoras.
“Queríamos estudar como esses aspectos do meio ambiente são projetados para mudar e o que seus impactos combinados podem significar para as pessoas em todo o mundo”, acrescenta o primeiro autor do artigo, Taejin Park.