Para cada 100 árvores desmatadas na Amazônia, a degradação destrói outras 22 árvores por falta de água. Essa é a conclusão do um estudo do Climate Policy Initiative/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CPI/PUC-Rio), que traz resultados inéditos sobre os impactos do desmatamento em diferentes regiões da floresta, por meio da simulação de milhões de cenários hipotéticos nos próximos 30 anos.
Juliano Assunção, diretor executivo do CPI/PUC-Rio, explica que o desmatamento de uma região afeta a dinâmica das chuvas gerando um efeito dominó de degradação em outras áreas.
“Quando uma área é desmatada, a umidade do ar diminui, gerando menos chuva para outras áreas da floresta. Com isso, as áreas na rota do vento degradam. A partir de um efeito dominó, novas áreas também começam a degradar”, afirma.
Os pesquisadores identificaram também a extensão desse efeito dominó na Amazônia. Cerca de 20% da Amazônia já foi desmatada.
“Ainda que o desmatamento fosse completamente interrompido agora, haveria um adicional de 13% de áreas degradadas nos próximos 30 anos. Se o desmatamento continuar até o limiar de 40% da floresta, haverá mais 20% de degradação da floresta nos próximos 30 anos”, destaca Rafael Araujo, analista sênior do CPI/PUC-Rio.
Se o desmatamento da Amazônia aumentar mais 20%, a floresta perderia cerca de 60% da sua densidade vegetal. Sem cobertura vegetal suficiente, não haveria produção de chuva necessária à manutenção da floresta, e a Amazônia alcançaria um ponto de não retorno, entrando em colapso climático.
Algumas áreas já apresentam sinais de instabilidade, como perda da capacidade de recuperação e de captação de carbono, transformando-se em fontes de carbono. Se a Amazônia atingir o ponto de não retorno, os impactos serão devastadores não só para o Brasil.
A floresta atua como um importante sumidouro de carbono para todo o mundo. A destruição das 400 bilhões de árvores da floresta geraria um volume de emissões de carbono equivalente a cinco anos de emissões globais. Se isso acontecer, seria impossível atingir as metas climáticas e limitar o aquecimento global a 1,5ºC.
Segundo Rafael, é fundamental que os tomadores de decisão compreendam os efeitos colaterais do desmatamento e criem estratégias para combater a degradação florestal. “
As políticas públicas devem concentrar-se em ações que evitem o avanço da degradação e aumentem a resiliência da floresta”, afirma.
A execução da pesquisa contou com a colaboração da Amazon Web Services (AWS). A computação de alta performance (HPC) da AWS foi fundamental para viabilizar e agilizar os cálculos dos milhões de cenários hipotéticos de degradação florestal ao longo de 30 anos. Para tanto, foi utilizado o AWS ParallelCluster, que permitiu que cálculos que demorariam pelo menos um ano para serem feitos fossem processados em apenas um dia.
“A tecnologia é uma ferramenta poderosa para ajudar governos e instituições a entender e desenvolver estratégias para enfrentar problemas prementes de nossa sociedade e meio ambiente. Temos orgulho em poder oferecer as soluções de computação em nuvem da AWS para um projeto dessa magnitude”, afirmou Paulo Cunha, diretor geral da AWS para public sector no Brasil.
Acesse o estudo completo: bit.ly/Efeito-Domino