O Brasil aproveitou o encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 na semana passada no Rio de Janeiro para detalhar sua propostaC de criação de um novo fundo para financiar a proteção de florestas tropicais ao redor do mundo.
O objetivo da iniciativa é ampliar a oferta de recursos para projetos de conservação florestal, remunerando os países que conseguirem manter suas áreas florestais. De acordo com o governo brasileiro, o fundo poderá levantar US$ 25 bilhões por meio de investimentos dos países interessados, o que permitiria alavancar mais US$ 100 bilhões em títulos privados no mercado financeiro. Expectativa é captar esses recursos até a COP30, que ocorrerá em Belém, em novembro do ano que vem,
Segundo técnicos do governo ouvidos por Folha e O Globo, a proposta teve uma boa recepção entre os representantes de oito países convidados para a apresentação – Alemanha, Cingapura, Colômbia, Emirados Árabes, Estados Unidos, França, Noruega e Reino Unido. Representantes do Banco Mundial e de outros órgãos financeiros também participaram do encontro.
Pela proposta, o TFFF seria um fundo de renda fixa internacional, alocando os recursos dos investidores em títulos públicos de diversos países e com um retorno estimado de 7,5% a 8% ao ano. A maior parte desse rendimento seria destinado aos cotistas, com o restante dos recursos indo para os países de renda média e baixa que protegem suas florestas tropicais.
Os pagamentos seriam condicionados à quantidade de hectares de floresta protegidos por cada país, com o valor estimado de US$ 4 (cerca de R$ 22) por hectare. O monitoramento das áreas preservadas seria realizado a partir de sistemas de satélite. Pelos cálculos do governo, o Brasil poderia ser beneficiado com cerca de R$ 8 bilhões anuais por meio desse fundo caso consiga atingir seus objetivos de zerar o desmatamento até o final desta década.
“A parte mais difícil são os US$ 25 bilhões porque [os investidores] assumem uma posição de subordinação e recebem depois que todo o resto. Portanto, é preciso que os países façam um sacrifício nesse sentido, de correr um pouquinho mais de risco, mas ainda ser remunerado”, explicou João Paulo Resende, subsecretário de assuntos econômicos e fiscais da secretaria-executiva do Ministério da Fazenda.