Um novo mapeamento do MapBiomas Fogo revela que a área queimada no Brasil entre 1985 e 2022 foi de 185,7 milhões de hectares/ano, ou 21,8% do território nacional. O total equivale à soma das áreas de Colômbia com o Chile. A Amazônia atingiu a média de 6,8 milhões de hectares/ano afetados pelo fogo, quase uma Irlanda, tendo o Pará como segundo estado com maior ocorrência de queimadas.
Os municípios paraenses que mais queimaram no período foram São Félix do Xingu, com 24.137 km²; Cumaru do Norte, com 12.782 km²; Altamira, com 11.861 km²; e Santana do Araguaia, com 9.370 km². Em nível nacional, os meses entre julho e outubro concentram 79% da área queimada, com setembro respondendo por 34% do fogo.
“Com essa série histórica de dados de fogo podemos entender o efeito do clima e da ação humana sobre as queimadas e incêndios florestais. Por exemplo, percebemos claramente que em anos de El Nino temos mais ocorrência de incêndios, como nos últimos El Ninos (2015 – 2016 e 2019), se comparados aos anos de La Niña, quando chove mais na Amazônia (2018 e 2021). A exceção a essa regra foi 2022, quando mesmo sendo um ano de La Nina, a Amazônia queimou bastante”, pontuou Ane Alencar, Coordenadora do Mapbiomas Fogo.
Queimadas recorrentes
Em todo o Brasil, cerca de 63% da área afetada pelo fogo foi queimada mais de uma vez em 38 anos. Mas esse percentual muda quando analisamos a área queimada em relação ao bioma. Na Amazônia apenas 39% foram queimados uma única vez e 48% entre duas e quatro vezes, sinalizando que a maioria das queimadas no bioma são recorrentes.
No território amazônico e na Mata Atlântica a maior parte do fogo ocorreu em áreas antrópicas, como pastagem. Os demais biomas seguem o padrão nacional, com a maior parte do fogo ocorrendo em vegetação nativa.
Manejo Integrado de Fogo
Sobre o Manejo Integrado de Fogo (MIF), Ane explicou que a queimada só é ruim quando utilizada de forma inadequada e em biomas que não dependem do fogo para se manter, como a Amazônia.
“Na realidade, para que o fogo ocorra e se espalhe precisa de uma combinação de três ingredientes: precisa ter material em quantidade e em boas condições de queima, um clima favorável para a queima e uma fonte de ignição. A história do fogo contada pelos dados do MapBiomas demonstra claramente tanto os anos de maior seca quanto os anos de maior desmatamento”, completou.