Por Fabrício Queiroz
O Brasil e a Colômbia foram os países que tiveram os melhores resultados no combate ao desmatamento no último ano, de acordo com dados do Global Forest Watch do World Resources Institute (WRI). O levantamento divulgado nesta quinta-feira, 4, mostra que a perda de floresta primária recuou 36% no território brasileiro e 49% no país vizinho como resultado de políticas públicas direcionadas para a proteção do meio ambiente.
O estudo destaca que a perda florestal caiu principalmente na Amazônia, onde a redução do desmatamento foi de 39% no comparativo entre os anos de 2022 e 2023. O dado é animador visto que além de sua extensão, a floresta amazônica é de grande importância para a conservação da biodiversidade e para a mitigação das mudanças climáticas.
“Estamos orgulhosos de ver um progresso marcante no Brasil, especialmente na Amazônia brasileira”, disse Mariana Oliveira, gerente do Programa de Florestas, Uso da Terra e Agricultura do WRI Brasil.
Em contrapartida, o Global Forest Watch chama atenção para o fato de que as florestas tropicais permanecem ameaçadas em outras regiões do planeta. No ano passado, os trópicos perderam cerca de 3,7 milhões de hectares de floresta primária, uma área pouco menor que o território do Butão ou o equivalente a perda de 10 campos de futebol por minuto.
“As acentuadas quedas na Amazônia brasileira e na Colômbia mostram que o progresso é possível, mas o aumento do desmatamento em outras áreas praticamente anulou esse progresso. Devemos aprender com os países que estão conseguindo reduzir com sucesso o desmatamento”, analisa Mikaela Weisse, diretora do Global Forest Watch, do WRI.
Outros biomas ameaçados
Ainda que o Brasil esteja em uma posição de destaque, o levantamento alerta que o desmatamento tem crescido em biomas como o Cerrado e o Pantanal. No primeiro caso, a tendência é a mesma há cinco anos, sendo impulsionada pela abertura de áreas para a produção de grãos. Somente no último ano, a perda florestal na região avançou 6%.
Já no Pantanal, a principal ameaça é oriunda dos incêndios, que são uma característica natural desse ambiente. Contudo, o estudo revela que a ocorrência de secas sistemáticas e intensificadas pelo efeito das mudanças climáticas comprometem a capacidade desse ecossistema se recuperar.
“Ainda temos um longo caminho a percorrer para melhorar e sustentar os esforços e espero que os dados que estamos trazendo à tona encorajem os governos nacional e subnacionais no Brasil – e os governos ao redor do mundo – a ampliar esse impulso de redução do desmatamento”, afirma Mariana Oliveira.
Além dos biomas brasileiros, a preocupação é grande em outros países com grandes extensões florestais. Na Indonésia, por exemplo, a perda da floresta primária subiu 27%. A principal causa foram os incêndios que se alastraram com as condições favoráveis promovidas pelo El Niño, que também teve um grande impacto sobre as florestas do Canadá.
A situação preocupa, pois coloca o mundo na corrida contra o tempo para deter a perda florestal e a degradação do solo até 2030, conforme prevê Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso do Solo.
“O mundo tem apenas seis anos para cumprir sua promessa de deter o desmatamento. Os números da perda de floresta deste ano contam uma história inspiradora do que podemos alcançar quando os líderes priorizam a ação, mas os dados também destacam muitas áreas urgentes de oportunidades perdidas para proteger nossas florestas e nosso futuro”, diz Ani Dasgupta, presidente e CEO do WRI.