O chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário Lemos, participou de audiência pública realizada na Câmara dos Deputados no dia 13 de outubro, em que ressaltou a importância da Rota do Mel. Ele relatou que a região tem grande diversidade de abelhas nativas e maior janela de floradas, mas o produto ainda tem baixa rastreabilidade.
“Buscar um mel com o selo amazônico e que mantém nossas florestas de pé é o nosso grande desafio”, disse no encontro.
A Rota do Mel visa o desenvolvimento territorial e regional através do fortalecimento de arranjos produtivos locais associados à apicultura, meliponicultura e produtos das abelhas. As Rotas são redes de arranjos produtivos locais associadas a cadeias produtivas estratégicas, fomentadas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional e parceiros, para promover a inclusão produtiva e o desenvolvimento sustentável das regiões brasileiras.
O Brasil é o 11º produtor mundial de mel com uma produção estimada em quase 46 mil toneladas em 2019 (FAO, 2019) e está entre os maiores exportadores do mundo, com produto muito apreciado pelo mercado internacional.
A produção paraense ainda é modesta e representa apenas 1% de toda a produção nacional. Dados do IBGE mostram que o Estado produziu 670 mil kg desse produto em 2019, o que corresponde a 65% da produção de mel de toda a região Norte. A atividade é desenvolvida majoritariamente pela agricultura familiar e movimentou cerca R$ 9 milhões no Estado, em 2019 (IBGE/PPM, 2019).
Ser produzido na Amazônia e ao mesmo tempo promover serviços ambientais potencializa a agregação de valor e diferencia o mel e derivados produzidos no Pará, deixando-os mais competitivos. É o que aposta o produtor Luiz Pereira Rodrigues, presidente da Associação de Apicultores de Canaã dos Carajás, um dos municípios da Rota do Mel.
“Temos um pasto apícula que garante caraterísticas diferenciadas do mel produzido na região e, com a chegada da Rota do Mel, teremos oportunidade de melhorar nossa produção e mostrar todo potencial do mel feito nessa parte da Amazônia para o mundo”, enfatizou ele.
Das dez Rotas em execução nas diferentes regiões do País, o Pará participa de três: Rota do Mel, Rota do Açaí e Rota do Cacau. Mas, para Walkymário Lemos, o Estado tem grande potencial para atuar também na Rota do Pescado e na Rota da Biodiversidade. “Temos instituições locais com técnicos e pesquisadores que têm competência estabelecida para contribuir de forma concreta com essas rotas e com o desenvolvimento sustentável da região”, afirmou o gestor.
Uma maior integração entre essas três rotas no Estado foi abordada pela coordenadora do Polo do Nordeste Paraense da Rota do Açaí, Rosa Maria Alexandre da Silva, na audiência pública.
“Existe uma interseção forte entre elas: as abelhas porque polinizam o açaí, e o cacau porque é um importante componente dos sistemas agroflorestais, as agroflorestas”, afirmou.
Rosa Maria destacou a inclusão de novos municípios na Rota do Açaí, que envolve três polos no Pará (Baixo Tocantins, Nordeste Paraense e Marajó). Ela citou projetos e ações na região e a formação de grupos de pesquisa e inovação para trabalhar com a cadeia. “Temos um projeto do Museu do Açaí, que vai trazer a história dos açaizais na região. E também ações para fortalecer o turismo e a cadeia de valor do açaí, mostrando a gastronomia a partir de uma rota turística”, disse.
Rastreabilidade
Tatiana Pará Monteiro de Freitas, coordenadora do Projeto Casa do Açaí – Comitê Nordeste Paraense da Rota do Açaí, defendeu o fortalecimento da educação no campo, o desenvolvimento de tecnologias sociais e maior acesso do pequeno produtor e do ribeirinho às tecnologias que tragam mais segurança, qualidade e rentabilidade às famílias.
A coordenadora também atentou para a necessidade de instituições estaduais lançarem editais específicos para as cadeias do açaí, cacau e mel. “Temos uma experiência interessante no centro Manejaí, no Marajó, com o Fundo Açaí. É necessário que essa experiência se estende a outras regiões do Estado”, disse Tatiana.
Ela defendeu ainda a criação de um entreposto oficial no Estado, que possa gerenciar todas as agroindústrias, contribuindo assim para a rastreabilidade do produto, que terão impacto na certificação e em um futuro selo de indicação geográfica do açaí.
Fonte: Embrapa