Contribuir para o monitoramento do desmatamento ilegal, promover reflorestamento através de modelos produtivos sustentáveis e favorecer o pagamento por serviços ambientais em sistemas produtivos que envolvam o cacau são alguns dos objetivos da cadeia produtiva da amêndoa no Brasil. As metas para alcançar uma produção sustentável de cacau no País foram divulgadas nesta sexta-feira, 24, em um encontro do setor realizado na Bahia.
As propostas fazem parte do Plano Inova Cacau 2030, elaborado pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e a CocoaAction Brazil, uma organização que atua pelo aumento da produtividade e sustentabilidade da cultura.
O planejamento estratégico do setor está estruturado em quatro eixos – econômico-produtivo, social, ambiental e governança – e visa consolidar o Brasil como uma referência de origem de cacau sustentável para o mundo, com foco na conservação produtiva e garantia de melhores condições de vida e trabalho em toda a cadeia produtiva.
No aspecto ambiental, a ideia do setor é fomentar ações que evidenciem a cacauicultura como uma forma de recuperação de áreas modificadas pelo homem e que pode ser inserida em modelos de conservação produtiva, auxiliando no combate ao desmatamento.
Nesse sentido, estão previstos incentivos a práticas como o monitoramento do desmatamento ilegal, a recuperação de reservas legais em áreas produtoras e a promoção de negócios que permitam o pagamento por serviços ambientais.
Demandas internacionais
De acordo com a diretora da Ceplac, Lucimara Chiari, as propostas do setor vem ao encontro das atuais demandas dos principais mercados internacionais, sobretudo a Europa, onde já há lei proibindo importação de produtos provenientes de áreas com qualquer nível de desmatamento.
“As exigências da União Europeia não são só sobre o cacau, são também sobre o produto chocolate. Mesmo que você não exporte seu cacau, você vende pra moageira, pra chocolateira e aí vou ter o chocolate e esse chocolate não pode vir de área desmatada. É o controle da cadeia toda do cacau”, alertou Lucimara, cobrando o envolvimento de todos os agentes no plano.
Por sua vez, Pedro Ronca, gerente da CocoaAction Brazil, destacou que o Brasil tem condições de exportar cacau totalmente sustentável e com rastreabilidade, por isso a importância da atenção aos quesitos ambientais que são cada vez mais relevantes.
Potencial produtivo
Além das metas ambientais, o Plano Inova Cacau prevê um incremento da produção de amêndoas no País, com potencial para superar as 400 mil toneladas em 2030; a perspectiva de expansão de até 30% no número de produtores e cooperativas envolvidos na cacauicultura; a promoção do trabalho decente e o aumento da participação de mulheres e jovens na cadeia produtiva.
Com o lançamento do planejamento estratégico, as instituições envolvidas darão andamento às propostas para que até o final do primeiro trimestre de 2024 sejam divulgadas as ações de cunho operacional que vão permitir o alcance dos objetivos.
Por Fabrício Queiroz