O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e a ativista indígena brasileira Txai Suruí citaram o risco à proteção da Amazônia em seus discursos para mais de cem chefes de Estado na cerimônia da Cúpula do Clima (COP26), em Glasgow, nesta segunda-feira, 1º de novembro. O presidente da República, Jair Bolsonaro, decidiu não ir à COP26, evento que discute estratégias para frear o aquecimento global.
Em uma declaração que pediu maior comprometimento das nações para cortar as emissões de CO2, Guterres destacou que partes da Floresta Amazônica “agora emitem mais carbono do que absorvem”. Em julho deste ano, uma pesquisa publicada na revista científica “Nature” mostrou que a parte sudeste da Amazônia se tornou uma grande fonte de emissão de CO2.
“Este é o momento de dizer basta. Basta de brutalizar a biodiversidade, basta de matar a nós mesmos com carbono, basta de tratar a natureza como uma privada e de cavar nossa própria tumba”, disse Guterres.
O secretário-geral da ONU também lembrou que as promessas climáticas dos países têm sido insuficientes para conter o aquecimento global.
Guterres disse que o nível do mar já dobrou nos últimos 30 anos e os oceanos estão mais quentes do que nunca. Para o chefe da ONU, “estamos no caminho para um desastre climático”. Ele também anunciou a criação de um grupo de especialistas que irá propor padrões claros sobre como medir e analisar os compromissos sobre emissões zero.
Participação do presidente
Depois de escolher faltar à COP26 para participar de uma cerimônia de caráter pessoal na cidade italiana de Anguillara Veneta, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que “está pronto” para participar do encontro multilateral por videoconferência “se necessário”.
Como mostrou mais cedo o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Bolsonaro ficou de fora da lista de 117 chefes de Estado e de governo e autoridades que representam seus países na abertura da COP. O presidente apenas enviou um vídeo gravado exibido mais cedo no pavilhão brasileiro do encontro.
“Foi uma gravação, mas estamos prontos para entrar também por videoconferência se assim se fizer necessário. Nosso homem lá em Glasgow é o ministro do Meio Ambiente”, afirmou Bolsonaro a jornalistas após ganhar o título de cidadão de Anguillara Veneta, onde moravam seus antepassados.
Após o vice-presidente Hamilton Mourão dizer que Bolsonaro não iria à COP26 para evitar “pedradas”, o presidente também tentou, nesta segunda, minimizar sua ausência. “O Brasil é responsável por menos de 2% da emissão de gases do efeito estufa e uma das maiores economias do mundo. Então, já contribuímos bastante”, declarou na entrevista. “Dois terços das florestas, das matas naturais, estão preservadas até hoje. Então, o Brasil é parte da solução, e nunca problema.”
O que é a COP26?
A COP26, que começou neste domingo e seguirá até o dia 12, discute ações climáticas que possam fortalecer o combate ao aquecimento global com base nas metas do Acordo de Paris, pacto assinado em 2015.
A conferência ocorre em um momento em que eventos climáticos extremos – como secas, inundações e ondas de calor – têm sido cada vez mais frequentes.
O relatório do IPCC, painel intergovernamental de mudanças climáticas da ONU, mostrou este ano que o planeta deve ficar 1,5ºC mais quente do que na era pré-industrial já na década de 2030, dez anos antes do inicialmente previsto.
Por isso, decisões políticas tomadas pelos líderes ao longo da COP-26 são determinantes para salvar o planeta, mas há grandes desafios para chegar a um acordo.
Fonte: Agências internacionais
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