A preservação da floresta amazônica e tudo o que está relacionado a ela é um assunto que sempre mobiliza governos, ONGs e cientistas. No entanto, muitas vezes as instituições e pesquisadores locais não têm voz ativa nesse debate. Além disso, frequentemente esses diferentes atores trabalham de forma desarticulada. Para enfrentar esse problema, cientistas do Brasil, Bolívia e Peru se uniram em um estudo para compreender e fortalecer a perspectiva local sobre o meio ambiente na região amazônica.
O foco do estudo, segundo reportagem do site Um Só Planeta, foi analisar as vulnerabilidades e capacidades de governança na prevenção de incêndios florestais e desenvolver ferramentas tecnológicas e sociais para reduzir o risco desses desastres. O projeto recebeu financiamento do Inter-American Institute for Global Change Research (IAI) e foi chamado de Projeto Plano de Adaptação Multiatores para Enfrentar o Aumento de Risco de Incêndios Florestais (MAP-Fire).
Os pesquisadores aplicaram questionários para gestores públicos, cientistas e representantes do terceiro setor dos três países (Brasil, Bolívia e Peru) na região conhecida como MAP, que fica na tríplice fronteira entre Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia). O objetivo era entender as capacidades e vulnerabilidades em várias dimensões, como economia, educação, meio ambiente, organização, política, legalidade, sociocultural e tecnologia.
Resultados
Os resultados mostraram que o desmatamento foi considerado a principal causa dos incêndios florestais na Amazônia, de acordo com 60% dos entrevistados. Em seguida, foram mencionados o uso do fogo na agricultura (58%) e as secas (39%). Os pesquisadores destacam que a área de florestas degradadas na Amazônia, seja por incêndios, corte de madeira ou fragmentação florestal, é maior do que a área desmatada até hoje.
O estudo também revelou que existem muitas ferramentas técnicas de monitoramento das atividades que causam incêndios nos três países, mas essas ferramentas não são amplamente conhecidas pela sociedade e pelos profissionais da área. Além disso, muitas vezes falta pessoal qualificado para utilizar essas ferramentas de monitoramento. A comunicação entre as instituições também é falha e precisa ser aprimorada, assim como o intercâmbio de conhecimento e a cooperação na elaboração de planos de contingência e comunicação.
Para melhorar a governança na prevenção de incêndios florestais, os pesquisadores sugerem fortalecer as capacidades organizacionais, investir adequadamente na proteção ambiental de acordo com a realidade de cada país e região, aumentar o conhecimento e o número de profissionais nas organizações, além de formular políticas públicas e leis que considerem a realidade local.
É fundamental envolver os atores locais nesse esforço, pois as propostas de medidas nacionais muitas vezes não levam em conta as particularidades regionais e locais, tornando difícil qualquer mudança no cenário.